O Acampamento em Defesa do Barroso, uma iniciativa organizada por coletivos em defesa do território do Barroso contra a exploração de lítio, volta a organizar-se entre 15 e 19 de agosto de 2024, opondo-se à destruição de ecossistemas e das “formas de vida” da região.
No manifesto do acampamento, é denunciada a tentativa de extração de lítio a céu aberto pela Savannah Resources, uma empresa multinacional que se define como a “principal empresa europeia de desenvolvimento de lítio convencional”. O projeto da Savannah prevê quatro minas a céu aberto e várias infraestruturas industriais nos municípios de Boticas, em concreto nas freguesias de Dornelas e Covas do Barroso. Os ativistas denunciam que estas minas ficarão “localizadas às portas das casas das pessoas”.
Para além do risco para as fontes de água, o projeto implicará também uma série de impactos ambientais para os habitantes daquela região, desde a poluição do ar devido às poeiras até à contaminação dos solos e à devastação de área florestal.
Em luta há sete anos, a comunidade do Barroso tem-se batido contra os avanços da multinacional em várias áreas diferentes. Desde logo o avanço na posição contraditória da Agência Portuguesa do Ambiente, que em 2023 emitiu uma Declaração de Impacte Ambiental favorável à exploração do minério. Mas também contra o que denunciam ser uma “usurpação” através das tentativas de “intimidar, deslegitimar, descredibilizar e criminalizar a resistência”, inclusivamente perseguindo líderes da comunidade no sistema de justiça. Em resposta, os ativistas bloquearam diariamente, durante sete meses, o acesso da empresa aos terrenos baldios, agiram judicialmente e legalmente, recolheram assinaturas e saíram às ruas para travar a destruição da região.
O manifesto lembra ainda que “o Barroso não é uma serra isolada” e que este problema não é só relevante às pessoas daquele território, mas que se jogam naquele concelho “decisões determinantes que representam transformações ecológicas, sociais e económicas não só para esta região, mas para o tipo de futuro que queremos e seremos capazes de alcançar”.
Este ano, o programa conta com os habituais debates sobre ecologia, extrativismo e sobre a situação concreta do Barroso, mas também envolvendo outros temas, como o genocídio na Palestina, as alianças entre o movimento ecológico e o movimento sindical, uma partilha de experiências de lutas contra a mineração pelo mundo, vários workshops de escrita, ilustração, dança, crochet, canto alentejano, teatro e vários concertos e sessões de cinema para animar as noites, bem como uma apresentação do Grupo Teatral de Boticas.
Os coletivos organizadores são, segundo página oficial do acampamento, o Unidos em Defesa de Covas do Barroso, A Sachola, o Disgraça e o Jornal Mapa.