Um grupo de 40 trabalhadores da Global Media anunciaram esta terça-feira que vão suspender o seu trabalho indefinidamente até que os pagamentos em atraso fossem liquidados. São jornalistas, fotojornalistas e gráficos a recibos verdes que ainda não receberam os pagamentos relativos a abril e maio.
Os trabalhadores a recibos verdes continuam com salários em atraso desde abril e estão a passar “sérias dificuldades”, diz o Sindicato dos Jornalistas. Com o subsídio de Natal em atraso, os trabalhadores da gráfica que imprime os jornais do grupo, a Naveprinter, vão juntar-se à mobilização.
O Sindicato dos Jornalistas diz ser uma “situação desumana, que está a deixar pessoas à fome, que está a corroer a vida de dezenas de jornalistas” instando a administração a demitir-se caso não encontre soluções.
Relatório da ONG Civil Liberties Union for Europe sobre a liberdade de imprensa europeia diz que se mantêm muitas das tendências identificadas no ano passado e que põem em risco a liberdade de informar.
Na redação do diário a adesão foi de “quase 100%”. Assim, o seu serviço noticioso nas plataformas digitais e redes sociais foi “perturbado” e a sua edição impressa não saiu. Também a agência Lusa parou por completo desde a meia noite de quinta-feira até ao fim da greve. Dois exemplos de uma jornada de luta considerada “histórica”.
Na última das concentrações do dia de greve dos jornalistas, centenas juntaram-se no Largo Camões num “grito de alerta” para a sua situação profissional marcada pela precariedade, baixos salários e cargas de trabalho excessivas.
Cerca de duas centenas de profissionais do jornalismo entoaram palavras de ordem junto à Câmara do Porto. Presidente do sindicato diz que a adesão à greve superou as expetativas.
Mais de duas dezenas de órgãos de comunicação não publicam notícias e noutras redações o impacto da greve está a provocar perturbações no funcionamento. Federação Internacional de Jornalistas enviou mensagem de solidariedade. Dezenas de jornalistas concentraram-se de manhã em Coimbra.
O Esquerda.net solidariza-se com a greve dos jornalistas, a primeira em mais de 40 anos, e apenas publicará artigos relacionados com a paralisação. Há concentrações marcadas para Lisboa, Porto, Faro, Coimbra e Ponta Delgada.
A última vez que tinha havido uma greve geral de jornalistas foi em 1982. A jornada de luta aprovado no 5º Congresso dos Jornalistas será em solidariedade para com os trabalhadores da Global Media mas também para alertar para o estado do jornalismo.