Jornalistas do JN e O Jogo dizem que não cedem ao “terrorismo” da administração

19 de janeiro 2024 - 15:00

Os trabalhadores vão suspender os contratos de trabalho por falta de pagamento enquanto a administração decidiu não pagar salários enquanto houver o processo da ERC. Entretanto, mais dois administradores se demitiram.

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Foto de Somos JN.
Foto de Somos JN.

Os trabalhadores do Jornal de Notícias e d’O Jogo anunciaram que, em plenário, ficou decidido que suspenderiam os contratos de trabalho por falta de pagamento de salários. As redações dos dois jornais emitiram comunicados a explicar esta decisão.

A do Jornal de Notícias diz que a decisão da administração de não pagar salários enquanto a Entidade Reguladora para a Comunicação Social não concluir os procedimentos que tem em andamento e estiver pendente um processo de arresto por parte do acionista Marco Galinha é “mais um ato de terrorismo da comissão executiva do Global Media Group”. Condena-se igualmente que o não pagamento dos salários tivesse sido conhecido “através de um comunicado enviado a órgãos de comunicação social antes de o fazer chegar aos trabalhadores”. E garante-se que se irá defender “inequivocamente – e até às últimas consequências – o Jornal de Notícias e os seus trabalhadores, tendo sempre em vista o superior interesse dos leitores, do jornalismo e da democracia”.

Por sua vez, a redação d'O Jogo considera que este comunicado de José Paulo Fafe “deixa clara uma ideia repulsiva: não pagam porque não querem”. E terrorismo é o termo que usam igualmente para classificar o que se passa: “não cedemos a chantagens, pressões e táticas terroristas da comissão executiva ou de José Paulo Fafe, que fazem dos trabalhadores autênticos reféns e armas de arremesso”. Acrescentam ainda que se a comissão executiva “não é capaz de solucionar os problemas, que assuma isso e aja em conformidade” já que “há propostas e vias de saída em cima da mesa para todos os títulos”

O anúncio de não pagamento dos salários por parte de José Paulo Fafe, presidente da comissão executiva da Global Media, que remete a responsabilidade da decisão para o World Opportunity Fund, um fundo com sede nas Bahamas de que não são conhecidos os donos, segue-se a declarações em sentido contrário na audição na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto da Assembleia da República no passado dia 9. Aí se garantia, com prazos definidos, o pagamento das remunerações.

Mais dois administradores saem da Global Media

Ao mesmo tempo, continuam as demissões de administradores. Tinham já saído em dezembro o administrador executivo Diogo Agostinho e o administrador não executivo Carlos Beja e já neste mês o administrador não executivo Victor Menezes. Agora é a vez de Paulo Lima de Carvalho e de Filipe Nascimento.

O primeiro bate com a porta denunciando a “asfixia financeira” do grupo e a falta de “condições mínimas necessárias à implementação dos projetos” de que era responsável, nomeadamente um “forte investimento” nas áreas de recursos humanos, inovação, inteligência artificial e novas tecnologias. Este indica da mesma forma como razão o incumprimento do pagamento de salários que deu uma “elevadíssima exposição negativa” ao grupo, alegando ser “totalmente alheio” a estes factos.

Filipe Nascimento justifica que “não é possível gerir financeiramente uma empresa que assiste a dramas humanos diários por falta de pagamento de salários”, acrescentando: “não posso admitir que o meu nome seja arrastado para uma batalha de oportunismos empresariais e também políticos”.