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Ken Loach expulso do Partido Trabalhista
A purga em curso no Partido Trabalhista contra os militantes que apoiam o ex-líder Jeremy Corbyn conheceu nos últimos dias mais um capítulo. Desta vez foi o veterano realizador Ken Loach a vir publicamente denunciar que foi expulso do partido.
"A sede do Partido Trabalhista finalmente decidiu que sou incapaz de permanecer membro do seu partido, pois não vou desonrar aqueles que já foram expulsos. Bom, tenho orgulho de estar do lado dos bons amigos e camaradas que foram vítimas desta purga. Na verdade, há uma caça às bruxas. Starmer e sua camarilha nunca vão liderar um partido do povo. Somos muitos, eles são poucos. Solidariedade.”, escreveu Loach nas redes sociais.
Loach regressou à militância trabalhista com a liderança de Corbyn, retomando um trajeto político de mais de três décadas e que fora interrompido nos anos 1990, quando saiu do partido em rutura com as políticas de Tony Blair. Mas esse afastamento do Labour não significou o abandono do empenhamento político do cineasta, que esteve associado a projetos partidários como o Respect e o Left Unity.
Ken Loach pertence ao restrito grupo de nove realizadores que venceram por duas vezes a Palma de Ouro em Cannes: primeiro em 2006 com o filme "The Wind That Shakes the Barley" [estreado em Portugal com o título "Brisa de Mudança"] e dez anos depois com “I, Daniel Blake” [“Eu, Daniel Blake”].
A notícia do afastamento de Loach foi recebida com mensagens de solidariedade dentro e fora do Labour, como a do antigo dirigente e ministro-sombra das Finanças, John McDonnell, para quem “expulsar um socialista tão bom e que tanto tem feito pela causa do socialismo é uma vergonha”.
To expel such a fine socialist who has done so much to further the cause of socialism is a disgrace. Ken’s films have exposed the inequalities in our society, have given us hope for change & inspired us to fight back. I send my solidarity to my friend and comrade @KenLoachSixteen https://t.co/GboZLrcVYK
— John McDonnell MP (@johnmcdonnellMP) August 14, 2021
O próprio Jeremy Corbyn tornou público o seu “respeito e solidariedade” com o realizador, lembrando que a carreira do cineasta incluiu a realização de filmes de campanha dos trabalhistas.
Ken Loach has made outstanding films from Cathy Come Home to I Daniel Blake, directed brilliant broadcasts for Labour, and has always stood with the oppressed. He deserves our respect and solidarity. #StandWithKenLoach
— Jeremy Corbyn (@jeremycorbyn) August 14, 2021
Vaga de expulsões da ala esquerda do Labour acelerou em julho
O anterior líder trabalhista viu em novembro revogada a sua suspensão do partido, ditada semanas antes por um comité disciplinar que alegava a inação da liderança de Corbyn no combate ao antissemitismo. Mas apesar do levantamento da sanção, a direção de Keir Starmer recusou-se a readmiti-lo no grupo parlamentar.
A expulsão de Ken Loach é conhecida poucas semanas depois da decisão da direção trabalhista de expulsar quatro grupos da ala esquerda do partido - Resist, Socialist Appeal, Labour in Exile Network e Labour Against the Witchhunt - que representam cerca de mil militantes. Para o maior grupo desta ala, o Momentum, a decisão foi “uma tentativa desesperada para esmagar a esquerda”. Também a central sindical Unite, a principal financiadora do partido, demarcou-se da decisão de expulsar estes grupos por criar “uma imagem de desespero entre os eleitores que veem um partido em guerra perpétua consigo próprio”.
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