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UE aprova sanções à Bielorrússia, Minsk publica "confissão" de dissidente

Após ter desviado um avião para prender Roman Protasevich, o regime de Lukashenko divulgou um vídeo com uma declaração do blogger. Mas os seus familiares dizem que a declaração terá sido obtida sob coação.
Roman Protasevich, o dissidente agora preso em Minsk, filmado pelas autoridades bielorrussas.

A inédita operação de desvio de um avião da Ryanair, que voava entre Atenas e Vilnius, para aterrar em solo bielorrusso, permitiu ao regime de Lukashenko prender Roman Protasevich, o fundador do canal Nexta na rede Telegram, que permitiu aos bielorrussos acompanhar os protestos contra o governo no verão passado, através dos vídeos das mobilizações que eram partilhados e informações úteis sobre a agenda dos protestos, que estavam ausentes dos media controlados pelo Governo.

Esta segunda-feira, a Bielorrússia divulgou um vídeo com uma declaração de Protasevich a dizer que estava a ser bem tratado e que iria confessar o seu papel no incitamento a motins, crime que lhe pode valer 15 anos na cadeia. O seu pai, Dzmitry Protasevich, viu o vídeo e conclui que foi obtido sob coação. “Nota-se que as palavras não são dele e que a entoação não é a dele”, diz Dzmitry à Reuters, chamando a atenção para a quantidade de maquilhagem colocada no nariz e no lado esquerdo da cara, provavelmente para dissimular as marcas de agressões.

O caso dominou a agenda da reunião do Conselho Europeu de segunda-feira. Nas suas conclusões, os 27 estados-membros exigiram a imediata libertação de Protasevich e da sua companheira Sofia Sapega, igualmente detida no avião, e convida os membros do Conselho a acrescentarem nomes à lista de pessoas e entidades ligadas ao regime para serem alvo das atuais sanções, bem como a adotarem mais sanções económicas à Bielorrússia. A UE quer também proibir que as companhias aéreas bielorrussas possam sobrevoar território dos Estados-membros e aterrar nos seus aeroportos, além de apelar à Organização Internacional da Aviação Civil para que faça um inquérito urgente a este “incidente inédito e inaceitável”.

Reação internacional é a “nova ordem geopolítica em ação”, diz Minsk

Para o governo bielorrusso, a reação europeia é “inaceitável” e um retrato da “nova ordem geopolítica em ação”. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Vladimir Makei, disse na segunda-feira aos jornalistas estar pronto a investigar o incidente e a acolher especialistas das organizações internacionais da aviação, mas que até ao momento “nenhum país ocidental pediu informações sobre o caso”.

A versão oficial na Bielorrússia é que o avião da Ryanair enviou um sinal de alarme por suspeita de uma bomba a bordo quando sobrevoava o país e o piloto decidiu aterrar no aeroporto de Minsk, onde todos os 123 passageiros foram sujeitos a controlos de segurança.  

O governo bielorrusso anunciou também a expulsão do embaixador da Letónia, como retaliação à iniciativa do autarca de Riga, onde decorre o campeonato mundial de hóquei no gelo. O presidente da Câmara decidiu protestar, substituindo a bandeira bielorrussa na praça central da cidade, onde estão as bandeiras dos 16 países participantes, pela bandeira vermelha e branca usada nos protestos da oposição. A Federação Internacional de Hóquei no Gelo também se demarcou da iniciativa do autarca, sublinhando ser uma organização apolítica, e mandou tirar a sua própria bandeira da praça central de Riga enquanto não for reposta a bandeira oficial da Bielorrússia.

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