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Tragédia do Brumadinho: Relatório contradiz versão da empresa

O relatório da Polícia Federal brasileira feito à tragédia da barragem de Brumadinho rejeita parte da versão apresentada pela maior exportadora e produtora de ferro do mundo, a empresa Vale, de acordo com a Lusa.
O documento agora divulgado afirma que a rutura da barragem que a Vale utilizava para depositar e armazenar resíduos minerais foi devido a um conjunto de perfurações verticais realizadas dias antes da tragédia.
Segundo a empresa, a rutura aconteceu por causa de uma mistura de fatores, como por exemplo o peso elevado da estrutura e as fortes chuvas que se fizeram sentir na região naquela semana de janeiro de 2019.
A Polícia Federal afirma, no entanto, que a empresa contratou uma entidade para avaliar o estado da barragem com o objetivo de instalar novos equipamentos para medir a pressão interna da estrutura.
A empresa contratada para avaliar a barragem, de acordo com o relatório, apresentou os resultados do estudo à Vale, que não fez uma análise adequada e começou a perfurar onde os resíduos estavam sedimentados.
Dias antes da tragédia foi perfurado um local crítico da barragem. A perfuração atingiu os 68 metros e deu início a um processo de liquefação dos resíduos minerais que se estendeu por toda a estrutura.
Leonardo Mesquita de Souza, responsável pelo relatório, disse que “a liquefação processa-se de forma tão rápida que se formou 30 segundos antes da rutura. Os instrumentos (de monitorização) não conseguiram capturá-la”.
O aumento do volume de líquido pressionou de tal forma a barragem que acabou por ruir, cuja estrutura “em geral” já era “frágil”, aponta Mesquita de Souza.
O comissário responsável pela investigação, Luiz Augusto Pessoa, referiu que “houve um atropelo. A Vale deveria ter verificado primeiro o diagnóstico da empresa contratada”.
O relatório foi apresentado ao Ministério Público, que possivelmente irá apresentar uma acusação contra os alegados responsáveis pela tragédia de Brumadinho.
O rompimento da barragem, em janeiro de 2019, gerou uma onda de resíduos que cobriu milhares de hectares, deixou 259 mortos e 11 desaparecidos.
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