São 45.000 os trabalhadores sindicalizados dos 36 portos da costa leste dos EUA e da costa do Golfo que ameaçam iniciar uma greve no próximo dia 1 de outubro se não for alcançado um acordo.
A concretizar-se, a paralisação cortará algumas das rotas de comércio vitais para o país, comprometendo metade das importações chegadas por mar, terá um impacto económico estimado pela consultora JPMorgan em cinco mil milhões de dólares por dia e poderá afetar a corrida presidencial.
São previstas falhas de abastecimento em alguns produtos e aumentos de preços noutros. Bananas, vinhos, roupa, brinquedos e automóveis importados poderão ser afetados mas também peças que alimentam a indústria norte-americana.
O contrato coletivo de trabalho assinado entre o sindicato ILA, International Longshoremen's Association, e o patronato reunido na United States Maritime Alliance (USMX) termina à meia-noite do dia 30 de setembro e o impasse entre as partes parece inultrapassável estando as negociações cortadas.
Em causa estão aumentos salariais e proteção de empregos relativamente à automatização. Harold Daggett, o presidente do sindicato, diz que a oferta do patronato é “insultuosa” face aos milhares de milhões de lucros das empresas. Na página do ILA, o dirigente sindical diz que lhe têm ligado várias vezes por semanas para tentar que aceite “um pacote salarial baixo”, culpando a USMX pela greve. Acusa ainda a entidade de mentir sobre as reivindicações dos trabalhadores ao passar a ideia que estes queriam um aumento de mais de 75% em seis anos: mesmo um aumento de 5 dólares por hora nos salários por cada ano num acordo de seis anos apenas daria um aumento anual de aproximadamente 9,98%”, esclarece.
Os efeitos significativos da greve poderão também afetar as eleições. O atual presidente há dois anos interveio para impedir por decreto a greve dos trabalhadores ferroviários mas uma nova intervenção poder-lhe-ia custar votos nos trabalhadores sindicalizados. Por outro lado, Biden e a sua vice-presidente e candidata democrata, Harris, temem que um prolongamento da greve acumule problemas que podem chegar ao lay-off em algumas fábricas.