No passado dia 22 de janeiro, os trabalhadores das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) fizeram greve e saíram à rua, representados pelos vários sindicatos. Centenas de pessoas juntaram-se à frente da Confederação Nacional de Instituições Sociais (CNIS).
Estiveram presentes todos os sindicatos da mesa negocial do contrato coletivo de trabalho dos trabalhadores das IPSS para mostrar o seu descontentamento com os atrasos tanto do governo, como da CNIS. Nas redes sociais, o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Solidariedade e Segurança Social (STSSSS) defende que se os trabalhadores não obtiverem respostas até fevereiro, “voltam a estar na rua”.
Em causa está o adiamento do processo negocial do contrato de trabalho coletivo das IPSS para 2025, que prejudica os trabalhadores ao adiar também os aumentos salariais. “É em janeiro que todos os preços são aumentados, e é em janeiro que precisamos de começar a receber os aumentos salariais”, lê-se na convocatória da ação de luta.
“Somos trabalhadores essenciais nas creches, nos lares, nas unidades de cuidados continuados, nos serviços de apoio domiciliário, nos centros de dia, no apoio e cuidado às populações mais vulneráveis da nossa sociedade”, diz o STSSSS. “Exigimos ser tratados como tal”.
Joaquim Espírito Santo, dirigente do STSSSS, considera que “nas últimas duas décadas, foi a maior greve do setor”. O dirigente considera que a greve tinha como objetivo desbloquear o processo de negociações e, portanto, visava não só a CNIS mas também o Estado.
É uma ação de luta que se enquadra num caminho que os trabalhadores do setor social têm feito. “Este ano começámos as negociações com algumas ações de luta: tribunas públicas em outubro, arruadas em novembro, um encontro nacional dos trabalhadores em dezembro”, disse Joaquim Espírito Santo. Segundo o próprio, a CNIS ter-se-á comprometido com apresentar novos valores salariais até 15 de fevereiro. “Se não o fizer, saímos novamente à rua”, diz.
Olhando para o futuro do trabalho social, “um dos mais desvalorizados do país”, o dirigente sindical insiste que “a perspetiva é que consigamos levar a luta para a frente”, porque o governo da Aliança Democrática tem com objetivo “privatizar tudo”, e o setor social já sofre bastante com isso. “Ou avançamos na luta, ou o setor social perde”, remata.