Reino Unido

A “supermaioria” dos trabalhistas é de 33,8% dos votos expressos

05 de julho 2024 - 11:17

O Labour celebra uma vitória esmagadora no número de deputados eleitos. Apesar de ter uma percentagem de votos menor do que a liderança de Corbyn alcançou em 2017 e semelhante â que lhe custou o cargo em 2019. O descalabro conservador é acompanhado pela subida dos liberais e pela entrada no parlamento da extrema-direita.

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Edíficio da BBC iluminado com as projeções dos resultados eleitorais.
Edíficio da BBC iluminado com as projeções dos resultados eleitorais. Foto de JON ROWLEY/EPA/Lusa.

Com a contagem dos votos quase a terminar, os resultados das eleições legislativas britânicas da passada quinta-feira confirmam o que as sondagens tinham vindo a mostrar: uma vitória expressiva dos trabalhistas. Há muito que se repetia que a questão em aberto era a dimensão da derrota dos conservadores, depois de anos de trocas de primeiros-ministros, embrulhadas políticas e crise do custo de vida. E a palavra da noite acabou mesmo por ser a “supermaioria”.

Contudo, os números de votos mostram muito mais a derrota do executivo do que um aumento de confiança no Labour. Tendo obtido 33,8%, isto representa apenas mais 1,6% do que nas eleições de 2019 que custaram a liderança a Jeremy Corbyn e muito menos do que os 40% obtidos por este em 2017.

Com os Tories a obterem apenas 23,7%, o que implica uma descida 19,9 pontos percentuais, e com um sistema eleitoral por círculos uninominais numa volta, em que é eleito o candidato que tenha apenas um voto mais do que o segundo, os eleitos trabalhistas subiram em flecha mas os conservadores baixaram ainda mais.

Como se previa também, beneficiaram dos votos que fugiram aos Tories sobretudo os liberais democratas e a extrema-direita que finalmente entrou no Parlamento. Depois de anos de tentativas falhadas, e de ironicamente apenas conseguir ser eleito para o Parlamento Europeu, ele que era um dos chefes de fila do Brexit, Nigel Farage, à frente do novo Reform U.K, conseguiu cinco lugares, apesar de ter havido projeções que lhe chegaram dar mais do que o dobro. A sua vitória mede-se tanto por ter conseguido entrar finalmente na Casa dos Comuns como por, depois do destaque obtido na campanha do referendo para a saída da União Europeia, ter sido uma das figuras da campanha, puxando os conservadores ainda mais à direita, sobretudo em termos como a imigração, e multiplicando-se as notícias sobre os seus candidatos a deputados com declarações islamofóbicas, anti-semitas, racistas, homófobas e insultuosas. Ainda assim, o partido tornou-se o terceiro mais votado ao nível do conjunto do Reino Unido.

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No computo geral, os trabalhistas ficarão com 412 deputados (mais 211), os conservadores com 121 (menos 251), os liberais democratas com 72 (mais 64), o Partido Nacionalista Escocês com nove (menos 39), o Sinn Fein com sete (os mesmo anteriores), há seis independentes (não existia nenhum), cinco do Reform UK, a extrema-direita (que não tinha nenhum), cinco dos unionistas do DUP da Irlanda do Norte (menos três mas há dois outros partidos unionistas que conseguem eleger um deputado pela primeira vez e outro reeleito por outro partido unionista),  quatro dos verdes (mais três), quatro dos galeses do Plaid Cymru e dois do Social Democratic & Labour Party (os mesmos da anterior legislatura).

Como consequência, o agora ex-primeiro-ministro Rishi Sunak anunciou que se demitiria da liderança dos conservadores “mas não imediatamente”, repetindo que deixa o país “mais forte, próspero, mais justo e resiliente” e gabando-se de ter restaurado “estabilidade” à economia.

Já o líder trabalhista, Keir Starmer, guardou a noite para um discurso curto de vitória sem substrato político, sendo esperado que fale quando entrar pelo número 10 de Downing Street, a residência oficial do primeiro-ministro de onde Sunak acabou de sair. Disse na madrugada de quinta-feira apenas “conseguimos! Vocês fizeram campanha por isto, lutaram por isto, votaram por isto e agora isto chegou” e que “sabe bem”.