A poucos dias da primeira semifinal do festival da Eurovisão, aumenta a pressão para que a concorrente da televisão pública israelita seja excluída do evento por causa do genocídio em curso em Gaza, tal como aconteceu à estação russa após a invasão da Ucrânia.
Na semana passada, quatro sindicatos e dez membros efetivos e suplentes da Comissão de Trabalhadores da RTP voltara a apelar ao presidente do Conselho de Administração, Nicolau Santos, para que defenda no seio da União Europeia de Radiodifusão (EBU na sigla em inglês) a exclusão da Kan, televisão pública de Israel. “A normalização da participação israelita e a indiferença perante o movimento internacional que pede o boicote a Israel é uma opção política e só pode ser vista como cumplicidade com a violação do direito internacional e com os crimes de guerra de Israel”, escrevem os subscritores do apelo.
Lembram também que a semifinal em que a concorrente israelita irá competir “está marcada para o dia 15 de maio, dia em que se assinala a expulsão e limpeza étnica da Palestina em 1948, a chamada Nakba”, o que faz aumentar a indignação que já foi visível na edição do ano passado.
O apelo foi subscrito pelo Sindicato dos Jornalistas, Sindicato dos Meios Audiovisuais, Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual e Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e pelos membros efetivos da CT Isabel Rosa, Jorge Reis Guerreiro, Vanessa Espírito Santo, Sandy Gageiro e os suplentes Martinho Camarão, António Louçã, Luís Duarte, Lilia Magalhães, Luísa Vaz e Isabel Moreira.
Nicolau Santos reuniu com Comité de Solidariedade com a Palestina
Na semana passada, o presidente do Conselho de Administração da RTP reuniu com o Comité de Solidariedade com a Palestina, na sequência do pedido de encontro dos ativistas que antes tinham feito o mesmo apelo à exclusão da estação pública israelita do evento. Na reunião, o Comité voltou a apelar a Nicolau Santos para que faça ouvir a sua voz dentro da EBU no sentido de a operadora pública israelita de radiodifusão (KAN) ser excluída do Festival Eurovisão da Canção. O
O presidente do CA da RTP ouviu as preocupações do Comité sobre o genocídio em curso na Palestina e sobre a instrumentalização política que Israel tem feito na Eurovisão, assim como a gravidade das violações por parte da KAN dos regulamentos e estatutos da EBU. Mas segundo o relato dos participantes no encontro, Nicolau Santos não assumiu qualquer compromisso de apoiar a posição das emissoras públicas de Espanha, Eslovénia e Islândia no sentido de ver discutida a permanência da emissora israelita no festival. “Explicou essa reserva da RTP pela necessidade que tem de concertar as suas posições em assuntos deste cariz com o Ministério dos Negócios Estrangeiros”, afirma o Comité acrescentando que o único compromisso com que saíram do encontro foi o de Nicolau Santos discutir o tema com os restantes membros do Conselho de Administração da RTP.