O ataque dos colonos armados teve lugar em Susya, a sul de Hebron, junto à casa de um dos quatro realizadores do documentário No Other Land, que trata da destruição de aldeias da Cisjordânia e que venceu o Oscar de Hollywood há poucas semanas.
“Eles começaram a atirar pedras aos palestinianos e destruíram um depósito de água junto à casa de Hamdan”, contou ao Guardian um ativista do Centro para a Não Violência Judaica, um grupo estadunidense que estava no local justamente para documentar as queixas de ataques contra o realizador. Testemunhas assistiram à chegada de soldados acompanhados de outros colonos com uniforme militar, que perseguiram Hamdan Ballal até casa e levaram-no preso. Os colonos destruíram o automóvel do realizador e dos ativistas.
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Membros desta grupo de ativistas estiveram em casa de Hamdan e viram sangue no chão, com familiares do realizador a dizerem que foi derramado quando ele foi atingido na cabeça.
Outro dos realizadores do documentário, Basel Adra, disse ao Guardian que o aumento da violência dos colonos é uma represália pelo reconhecimento internacional alcançado pelo filme que documenta a violência da ocupação israelita na palestina. E acrescentou que os ataques dos colonos na aldeia de Hamdan se tornaram quase diários nos últimos tempos.
I'm standing with Karam, Hamdan's 7 year old son, near the blood of Hamdan's in his house, after settlers lynched him. Hamdan, co-director of our film No Other Land, is still missing after soldiers abducted him, injured and bleeding. This is how they erase Masafer Yatta. pic.twitter.com/72pT3UF3kj
— Basel Adra (@basel_adra) March 24, 2025
Este realizador também assistiu ao ataque contra Hamdan e diz que as dezenas de colonos estavam junto com as tropas israelitas e a polícia, presente no local desde o início dos incidentes, não interveio. “Enquanto os soldados apontavam as suas armas contra nós, os colonos começaram a atacar as casas dos palestinianos”, relatou Basel Adra.
Quando Hamdan tentou proteger a sua família e os colonos o atacaram, os soldados começaram a disparar para o ar para impedir que alguém ajudasse Hamdan. “Ele estava a gritar por ajuda. Eles deixaram os colonos atacá-lo e depois o exército levou-o” para parte incerta, conta Basel, ele próprio vítima da violência de colonos encapuçados no mês passado.