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Quem quer entendimento à esquerda vota no Bloco

Catarina Martins afirmou em Almada que a direita não tem maioria na sociedade e o seu programa é “velho e caduco”. A coordenadora bloquista lembrou que o PS já disse que, sem maioria absoluta, quererá dialogar. Para que o diálogo seja à esquerda e não com o PSD, há que votar no Bloco, destacou.
 Catarina Martins e Joana Mortágua no comício de Almada
Catarina Martins e Joana Mortágua no comício de Almada

No comício do Bloco de Esquerda realizado esta quarta-feira, 26 de janeiro, em Almada, interviream Diana Santos, Fernando Rosas, Joana Mortágua e Catarina Martins. No início, houve ainda um momento musical com Pedro Castro e João Filipe.

Na sua intervenção, a coordenadora do Bloco denunciou a direita e as suas propostas, que “têm barbas de 40 anos”.

“As propostas que ouvimos ao PSD - nos raros momentos em que revela ao que vem -, as propostas do programa liberal, têm barbas de 40 anos”, acusou Catarina Martins, sublinhando que se trata da “velha lengalenga do mercado, a mão invisível que, por milagre, resolverá os problemas do desemprego, da inflação, das lacunas dos serviços públicos, retirando o Estado da sua responsabilidade e dando livre curso à concorrência entre privados”.

E fez a denúncia concreta das propostas do PSD nas principais questões em debate na atualidade.

“Na saúde, dizem a quem hoje tem consultas ou cirurgias em atraso que bastaria o Estado passar a pagá-las ao privado, que para quem precisa, tanto faz ir ao Egas Moniz ou à CUF”, apontou, e rebateu: “O problema é que esta solução para hoje é o buraco de amanhã”.

“Quem diz tanto faz privado ou público, quem propõe pagar a privados em vez de investir no público, o que nos diz é que desistiram do SNS e amanhã deixaremos de o ter. E nessa altura, pagará quem puder, porque nenhum Estado pode pagar, além de um sistema de saúde, as rendas aos privados”, sublinhou.

Quanto à educação, Catarina Martins salientou que os partidos de direita “desdobram-se em formas de converter o ensino público em renda privada”, exemplificando com os “cheques ensino para financiar colégios” e os “empréstimos bancários a 30 anos, para alargar a clientela das universidades privadas”.

A coordenadora bloquista prosseguiu na denúncia do programa da direita, acusando-a de querer a “pilhagem da segurança social, tal como Rui Rio já assumiu, permitindo a retirada ao sistema público de parte dos descontos de quem mais tem, retirando financiamento ao sistema público e lançando no casino da bolsa parte dos descontos de quem trabalhou”.

“No trabalho, há candidatos que até defendem o fim da escolaridade obrigatória até ao 12º ano, para acelerar a chegada ao mercado de trabalho de mão de obra desqualificada e barata. Querem facilitar despedimentos e generalizar o outsourcing. Querem convencer os jovens da geração mais precária de sempre de que seriam empresários, empregadores de si próprios, mesmo que, no final do mês, estejam de bolsos vazios e a dormir em casa dos pais”, denunciou.

Em relação ao clima, Catarina Martins acusou a direita de negar a emergência climática e medidas elementares de intervenção em defesa do ambiente e sublinhou que “a doutrina já está em prática”, dando o exemplo do que se passa em Odemira e no Alentejo, “com a invasão desordenada pela monocultura intensiva”. “São tímidas amostras do modelo de desenvolvimento desta direita que despreza o futuro”, apontou e acusou: “Este programa não tem maioria na sociedade e é por isso que se oculta sob as cores garridas da inovação. Repito: isto é velho e caduco”.

Na parte final da sua intervenção, a coordenadora bloquista destacou que “é preciso que a maioria social faça uma maioria política pelo progresso. Modernidade é derrotar o racismo e a homofobia, modernidade é o estado social que corrige desigualdades, modernidade é igualdade entre homens e mulheres, modernidade é enfrentar o caos climático”.

“No domingo, somos uma maioria. E qualquer que seja o partido mais votado no domingo, a direita terá menos deputados e haverá uma maioria à esquerda no parlamento. O Partido Socialista já disse que, sem maioria absoluta, quererá dialogar. Está por saber se esse diálogo será com o PSD ou com o Bloco”, salientou, concluindo: “Quem quer um entendimento à esquerda, quem quer uma maioria política que traduza a maioria da sociedade e que derrote a direita e o seu regresso ao passado, vota no Bloco”.

Em outros artigos, reportaremos a intervenção de Joana Mortágua e publicaremos as intervenções de Fernando Rosas e Diana Santos.

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