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Portugal é o terceiro país da Zona Euro onde o preço dos alimentos mais aumentou
O preço dos produtos alimentares tem subido consideravelmente em Portugal. Desde o início do ano, o aumento do preço dos bens alimentares passou de 3,3% para 10,9% em maio, sendo que esta é a terceira maior subida registada em toda a Zona Euro, como noticia o Jornal de Negócios.
Os números dizem respeito à variação homóloga dos preços - isto é, a mudança dos preços em cada mês face ao mesmo mês do ano passado. De acordo com o Eurostat, os preços dos produtos alimentares, álcool e tabaco tiveram um crescimento homólogo de 7,5% na Zona Euro em maio, constituindo uma subida de 4 pontos percentuais face à variação homóloga registada em janeiro. Em Portugal, a variação foi superior à média (7,6 pontos percentuais).
Guerra tem impacto, mas lucros no retalho também
A invasão russa da Ucrânia fez aumentar os preços dos bens alimentares nos mercados internacionais. Além da enorme incerteza associada à evolução da guerra, o impacto é explicado pelo facto de a Rússia e a Ucrânia serem dois dos principais exportadores mundiais de produtos como os cereais ou fertilizantes e as disrupções na distribuição destes.
Num relatório publicado na terça-feira, o BCE nota que a inflação nos alimentos “aumentou significativamente nos países da Zona Euro que estão mais expostos às importações agrícolas da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia”. No entanto, este não é o caso de Portugal. O relatório aponta três motivos possíveis para o cenário português: o elevado consumo de energia na produção e processamento de alimentos, a utilização de gás natural na produção de fertilizantes e as margens de lucro no setor do retalho.
Em Portugal, os lucros das grandes empresas no setor do retalho aumentaram de forma considerável no primeiro trimestre do ano à boleia da inflação. A Jerónimo Martins, detentora do Pingo Doce, viu os seus lucros aumentar mais de 50% nos primeiros três meses do ano. Também a SONAE, que detém o Continente, registou um aumento considerável dos lucros, com a CEO Cláudia Azevedo a reconhecer que “o início de 2022 foi muito bom para a Sonae” e a celebrar os resultados “conseguidos num contexto muito desafiante, marcado pela invasão russa à Ucrânia”.
Portugueses sentem mais as consequências económicas da guerra
O Eurobarómetro especial do Parlamento Europeu, levado a cabo para avaliar as perceções dos cidadãos europeus em relação à guerra e aos sinais de crise económica, revelou que os portugueses são os segundos de toda a União Europeia a sentir de forma mais acentuada as consequências económicas da guerra na Ucrânia.
Os resultados das entrevistas, que foram realizadas entre 19 de abril e 16 de maio a 26.580 europeus (entre os quais 1.006 portugueses), mostram também que os portugueses se consideram menos preparados que a média europeia. Além disso, demonstram que os portugueses já estão a sentir o impacto no nível de vida: 57% dos portugueses dizem já ter sentido os efeitos da guerra, contra apenas 40% dos europeus que dizem já ter sentido os efeitos.
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