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Plano ferroviário: terceira travessia do Tejo é prioridade da Zero

A associação ambientalista deu o seu contributo para a discussão pública do Plano Ferroviário Nacional e defende uma mudança rápida e decisiva no modelo de mobilidade para tornar dispensável o veículo individual até 2040.
Foto de Paulete Matos.

O Plano Ferroviário Nacional esteve em discussão pública até esta terça-feira e a associação ambientalista Zero considera este instrumento como "um dos elementos mais estruturantes e de futuro no âmbito de uma mobilidade sustentável e na redução de emissões de gases de efeito de estufa que causam as alterações climáticas".

No seu contributo para o debate, a Zero identificou "cinco sinais verdes e sete amarelos". Pelo lado positivo, começa por apontar a própria existência do plano como "um importante passo no sentido de recuperar o conceito de rede ferroviária como estrutura fundamental de um modelo de mobilidade sustentável, depois de décadas de estagnação e desinvestimento". Mas também a recuperação dos planos de construção de autoestradas ferroviárias que permitem operar serviços que competem com o transporte aéreo nas ligações até 600 km e o facto delas possuirem variantes que permitem aos comboios pararem nas estações de comboio atuais no centro das principais cidades. A densificação da rede ferroviária prevista nas áreas metropolitanas e a ligação dos três principais Aeroportos Internacionais à rede de autoestradas ferroviárias são os restantes "sinais verdes" que a associação identifica neste plano.

Quanto aos aspetos que merecem crítica da Zero, identificados como "sinais amarelos", está o facto de não ser dada a mesma prioridade à ligação Lisboa-Madrid do que à ligação Lisboa-Vigo, tendo em conta que a primeira é a rota mais congestionada a partir do Aeroporto da capital. A associação defende que "tem que deixar de se ir de avião" para Madrid, o que implica criar condições para uma ligação de 2h45 entre as capitais ibéricas, a mesma que se faz atualmente de comboio na mesma distância entre Madrid e Barcelona. A segunda crítica é a da ausência de uma circular ferroviária na Área Metropolitana do Porto, ao contrário do que se prevê para a de Lisboa, apesar de na primeira o número de viagens em transporte individual ser 20% superior. A falta de uma visão clara que articule o transporte ferroviário com o transporte rodoviário de mercadorias e a falta de melhorias nas linhas do Algarve e do Oeste que vão além da eletrificação já prevista, bem como a ausência de "um verdadeiro corredor vertical interior da rede ferroviária", articulando os setores mineiro e agroflorestal  são outros "sinais amarelos". Por fim, a Zero critica a falta de desenvolvimento da definição da qualidade dos serviços ferroviários, tendo em atenção o crescimento da população com dificuldades de locomoção e as exigências do trabalho remoto e a falta de atenção aos impactos paisagísticos, nos sistemas ecológicos e na saúde humana que é preciso ter em conta na escolha dos traçados.

Como prioridades mais urgentes, a Zero defende em primeiro lugar a terceira travessia do Tejo exclusivamente ferroviária, que permitirá reduzir meia hora nas viagens com origem e destino no sul do país e aproximar a ligação a Madrid das 3 horas de viagem. A sincronização dos serviços para reduzir tempos de espera dos transbordos, o desenvolvimento das linhas circulares e os interfaces com os Metropolitanos em Campolide, Chelas e na linha de Leixões são outras prioridades da associação.

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