Quase duas mil pessoas já tinham assinado esta terça-feira a petição pública “Pela manutenção e salvaguarda da Academia de Amadores de Música”, uma instituição centenária do ensino artístico em Lisboa agora ameaçada de despejo das suas instalações na Rua Nova da Trindade.
Em janeiro, o presidente da Direção Administrativa da AAM, Pedro Martins Barata, explicou ao Esquerda.net que a sociedade imobiliária dona do imóvel, que comprou uma parte da massa falida do Grupo Espírito Santo, já vendeu todos os outros espaços que detinha no prédio, nomeadamente ao Grupo Avillez. O caso desta ameaça de despejo foi denunciado pelo Bloco numa visita de Mariana Mortágua às instalações da Academia durante a pré-campanha para as legislativas.
“Mercê da incapacidade do sistema político de oferecer uma solução de longo prazo para a situação da Academia, esta viu-se constrangida a negociar um acordo para a saída das suas atuais instalações. Apesar dos esforços desta instituição, a Academia não encontrou junto das várias entidades políticas que consultou nenhuma resolução para o atual problema”, refere a petição para salvar esta escola que ensina 160 alunos através de contratos de patrocínio com 18 escolas privadas e públicas do concelho de Lisboa e outros 160 alunos do ensino supletivo, livre e de iniciação.
A petição apela ao poder político, Governo e Assembleia da República, que promova uma solução do problema da falta de instalações da Academia de Amadores de Música que lhe permita “continuar a servir os alunos da cidade de Lisboa no que se refere ao ensino da música com a qualidade com que o tem feito desde 1884”.
“Vereação da cultura sob a responsabilidade do Presidente Carlos Moedas está abandonada”
No passado dia 15 de outubro, a vereadora bloquista Beatriz Gomes Dias questionou o presidente da Câmara de Lisboa - que acumulou a pasta da Cultura após a saída do vereador Diogo Moura por ter sido acusado pela Justiça num caso de tentativa de fraude em eleições internas do CDS - acerca das diligências que terá ou não feito para encontrar uma solução que permita à Academia de Amadores de Música prosseguir a sua atividade no centro da cidade.
“A CML é a entidade com mais património na cidade de Lisboa e também é responsável por todas as escolas do pré-escolar ao secundário. Assim, é absolutamente incompreensível que a CML não tenha encontrado nenhum espaço adequado. Mais revela que a vereação da cultura sob a responsabilidade do Presidente Carlos Moedas está abandonada”, afirma a vereadora do Bloco de Esquerda, acrescentando ter tido conhecimento que numa reunião entre dirigentes da Academia e serviços camarários, estes terão assumido que não encontraram um espaço para aquela instituição.
Beatriz Gomes Dias recorda ainda que “esta inação do Presidente Carlos Moedas é também patente noutros processos, como os Artistas Unidos que ficaram sem espaço a 31 de julho de 2024 e para os quais a CML ainda não encontrou solução apesar das promessas recorrentes”.