Fundada em 1884, a Academia de Amadores de Música (AAM) tem tido um papel fundamental na dinamização da Baixa de Lisboa e na vida artística e cultural da cidade. Com uma intensa atividade, predominantemente letiva mas não só, a AAM está fortemente enraizada na comunidade.
Ainda que as suas instalações, no 2º andar esquerdo do nº 18 da Rua Nova da Trindade, no Chiado, não alberguem, em termos financeiros, um património material de relevo, aqui está concentrado um património histórico cultural imaterial incalculável. É um verdadeiro espaço de memória viva, que tanto nos prestigia.
Por esta escola passaram nomes incontornáveis do panorama musical em Portugal, de Fernando Lopes Graça, Joly Braga Santos e Luís Freitas Branco a Pedro Aires de Magalhães, Teresa Salgueiro e Carlos Bica, entre muitos outros.
Hoje, a AAM vê-se obrigada a abandonar o espaço que a acolhe há várias décadas. É mais uma vítima da especulação imobiliária desenfreada e do processo acelerado de descaracterização da Baixa de Lisboa, e de expulsão de todas as suas lojas e livrarias históricas, espaços de cultura, substituídos por equipamentos e comércio destinados ao turismo de luxo.
O presidente da Direção Administrativa da AAM, Pedro Martins Barata, explicou ao Esquerda.net que a sociedade imobiliária dona do imóvel, que comprou uma parte da massa falida do Grupo Espírito Santo, já vendeu todos os outros espaços que detinha no prédio, nomeadamente ao Grupo Avillez.
Só uma intervenção das entidades competentes, com particular destaque para a Câmara Municipal de Lisboa, podem garantir que a AAM mantém e intensifica a sua atividade, e que o centro de Lisboa não se torna ainda mais pobre.
Quantos alunos tem, neste momento, a Academia de Amadores de Música e em que tipo de regime os mesmos se inserem?
Temos um pouco mais de 300 alunos. É o número mais elevado desde há seis ou sete anos.
Desde 2008, ano após ano, cerca de 180 vagas são atribuídas aos contratos de patrocínio para o ensino especializado da Música, além da mais recente atribuição de cerca de 36 vagas para Iniciação Musical, firmados com o Ministério da Educação. É no âmbito destes contratos de patrocínio que estabelecemos protocolos de associação com 14 escolas do concelho de Lisboa, a grande maioria do ensino básico e secundário público. Temos, desde há dois anos, algumas escolas do ensino privado. Os alunos abrangidos frequentam o regime articulado: têm as aulas na sua escola de origem e, maioritariamente deslocam-se à AAM para a frequência das disciplinas da Música, embora nalguns casos, e de acordo com as condições das escolas, algumas dessas disciplinas possam ser lecionadas lá. Também têm lugar na Academia as chamadas aulas coletivas, como formação musical, coro, disciplinas teóricas, etc.
Os restantes alunos estão divididos em dois outros regimes: o regime supletivo e o regime livre.
No regime supletivo, o aluno faz o seu percurso no ensino oficial, com toda a carga horária que isso implica, e depois ainda vem fazer aqui o ensino oficial de música. São poucos alunos, porque é preciso ter uma enorme dedicação à música.
No regime livre, o aluno escolhe o que quer fazer. E aqui já encontramos pessoas com idades mas elevadas.
Quais as idades dos alunos que frequentam a Academia?
A Academia tem alunos, literalmente, dos três anos de idade até aos 75. Há pessoas que nos procuram para cumprir um sonho antigo de aprender a tocar determinado instrumento.
Qual é a atividade letiva da Academia?
Temos quase todos os instrumentos de orquestra: violoncelo, contrabaixo, violino, violeta, além de guitarra, harpa, piano, cravo nas cordas; todos os saxofones e trompete nos metais; e na percussão e sopro temos flauta transversal, flauta de Bisel e clarinete.
Depois temos o curso de Canto, tanto no nível básico como secundário, no qual esteve até ao ano letivo passado inserida a disciplina de Estúdio de Ópera, que irá ser retomada no próximo ano letivo.
Têm outras atividades não letivas?
Sim, a Academia é predominantemente escola, mas não é só escola, até porque foi pensada como uma instituição cultural.
Além dos nossos agrupamentos representativos da Escola da Academia como a orquestra de câmara, o Ensemble de Guitarras, o Coro dos Pequenos Cantores, o Coro de Câmara, o Ensemble de Sopros, ainda temos dois corpos umbilicalmente ligados à Academia: o Coro Lopes-Graça e a Orquestra de antigos alunos e amigos da AAM.
O coro Lopes-Graça é muito interessante, foi fundado pelo Fernando Lopes Graça enquanto era diretor da Academia e assenta na premissa de que uma pessoa não precisa de ser letrada em música, ou ser formada em música, para ser cantora, porque o operário fabril, o camponês, etc, tem em si a capacidade de cantar. É um coro que se dedica sobretudo a cantar o repertório do Lopes-Graça.
Recentemente, formámos uma orquestra de instrumentistas profissionais e amadores com ligações à academia, tipicamente ex-alunos. Queremos que seja representativa daquilo que é a Academia, da diversidade das pessoas que passaram por cá.
Para além de tudo isto, temos um agrupamento de professores que se dedica à interpretação de repertório Barroco e que se apresenta frequentemente, sob o nome de Corellianos, em homenagem a Arcangelo Corelli.
Acresce que, só nos últimos três ou quatro anos, vários ex-alunos deram concertos na Academia, tivemos Masterclasses de ex-alunos como o Carlos Bica, possivelmente o nosso jazzista mais famoso, assim como tivemos um workshop de jazz feito pela Maria João.
Têm parcerias com outras entidades culturais próximas?
Durante muitos anos, tivemos protocolos de cooperação com o Teatro da Trindade, aqui à frente. Há dois anos, por exemplo, a produção de ópera la Bohème no Teatro Nacional de São Carlos ,com o qual temos também um protocolo de colaboração, e que contou com a participação do nosso Coro dos Pequenos Cantores. Numa das atividades da Academia financiada pela Direção-Geral das Artes, levamos adultos, maioritariamente em idade de pré-reforma ou reforma, a conhecer de perto grandes títulos da Ópera, através de uma visita guiada ao Teatro, uma tarde de formação ligada ao contexto histórico e estético da obra, iniciação e contacto com as partituras dos principais momentos, assistindo por fim ao ensaio geral no Teatro. Pretende-se a criação de novos público, devidamente contextualizados e informados, ultrapassando a inibição comum.
A sala mais icónica da Academia, com uma herança histórica musical significativa, tem albergado várias iniciativas?
Muitas das iniciativas passaram pela sala em homenagem a Tomás Borba, que foi um dos primeiros diretores da Academia. É a nossa sala de audições, de espetáculos, durante a pandemia foi convertida em sala de aula. Também já foram feitos nesse espaço vários saraus de música clássica, jazz…
Nos últimos 20 anos, a Academia foi perdendo um bocadinho esse caráter público. Mas foi feito um investimento na sala e, nos últimos dois anos, contámos com uma programação bastante mais intensa, inclusive com produções de fora.
Gostaríamos de passar a ter, todas as semanas, concertos de formações de música clássica, de música contemporânea, até de música popular, digamos assim, de pop, de rock, que fossem abertos a alunos de outras escolas.
Passaram por aqui músicos que não enveredaram pela música clássica?
Pessoas que passaram pela Academia deram origem a pelo menos três bandas que não são de música clássica, os Madredeus - a Teresa Salgueiro e o Pedro Aires Magalhães, e os Peste e Sida, mais tarde Despe e Siga, além dos Xutos e Pontapés, entre outros.
As paredes daquela sala têm muito para contar...
Foi naquela sala que o pianista Vianna da Mota deu o seu último concerto. Passaram por ela os nossos compositores mais famosos: o Joly Braga Santos, que inaugurava aqui as suas obras, ou o Luís Freitas Branco, que foi professor da Academia. No coro Amadores de Música, agora coro Lopes Graça, tivemos coralistas como o Alexandre O'Neill, o José Cardoso Pires, escritores. O José Saramago não consta que participasse do coro, mas era presidente da Mesa da Assembleia Geral. Recentemente, descobri que o Emmanuel Nunes, provavelmente o nosso maior compositor do século XX, que fez toda a sua carreira em Paris, começou a tocar na Academia, na iniciação, há uns 80 anos atrás.
Ainda que estas instalações não sejam as melhores, em termos logísticos, está aqui concentrado um património histórico imaterial significativo. E memória viva. Algumas pessoas que passam nesta rua sobem as escadas para verem o espaço onde estudaram música. Se perguntar a qualquer um dos professores, e à grande maioria dos alunos que passaram por aqui, se preferem este espaço ou instalações fantásticas noutro lugar qualquer, respondem-lhe que a Academia deve manter-se aqui.
Como vieram a estabelecer-se no 2º andar esquerdo da Rua Nova da Trindade?
Todos os espaços por onde passámos ficam localizados entre o Cais do Sodré e o Príncipe Real. Estamos há 140 anos, desde que a Academia foi criada, no centro de Lisboa. Nos anos 30 do século passado, fomos desocupados pela PIDE, na António Maria Cardoso. Depois, viemos para o número 16 da Rua Nova da Trindade. Em 1957, estabelecemo-nos no número 18, onde nos encontramos atualmente.
Por volta do ano 2000, houve a oportunidade de comprar este espaço, mas, por questões financeiras, a Academia não pôde honrar o contrato-promessa e, inclusive, perdeu o espaço que ocupava no 1º andar. Na altura tínhamos não os 700 metros quadrados com que contamos agora, mas sim 1200 metros quadrados.
Pouco tempo antes, acordou-se com a Câmara Municipal acomodar a Academia, de forma permanente, num imóvel na Rua do Crucifixo, que, entretanto, foi transformado em apartamentos de luxo. Havia já um projeto do arquiteto Siza Vieira para recuperação desse imóvel e também um projeto de acústica para todo o espaço, com bastante mais do que 1200 metros quadrados. Conforme me explicaram, na mudança da presidência da Câmara, que passou do João Soares, com quem tudo isto estava a ser tratado, para Santana Lopes, a autarquia decidiu por bem não avançar, já que não existia um compromisso escrito.
Vieram, posteriormente, a conseguir equilibrar a vossa situação financeira?
Quando entrei para a direção da Academia, em 2018, a situação financeira era muito complicada. Acresce que, nesse ano, o Ministério da Educação atrasou-se imenso com o pagamento dos contratos, que é a nossa principal fonte de rendimento.
Com crowdfunding para comprar equipamentos, a saída de pessoas que colaboravam connosco, e já tinham ultrapassado largamente a idade da reforma, fizemos poupanças e conseguimos virar a situação financeira em dois ou três anos.
Já numa situação “confortável”, decidimos então avançar para um acordo de empresa. Tinha havido a cessação do contrato coletivo de trabalho e todos os professores, os nossos e os do resto do país, não tinham mais acesso à progressão das carreiras, nem a aumentos de vencimento. Para a Academia, era absolutamente impossível garantir a recuperação dos vencimentos perdidos, porque eram milhares de euros. Mas decidimos arriscar e tentámos colocar as pessoas no escalão a que têm direito. Desde há cerca de um ano e meio, os vencimentos dos nossos professores estão de acordo com o escalão que merecem e os vencimentos são os que estão acordados no acordo empresa. É um caso quase único, pelo menos no ensino de música.
Têm procurado garantir a estabilidade laboral dos trabalhadores da Academia?
Somos uma das poucas escolas que se orgulha de dizer que não tem contratados a prazo. A maior parte das escolas de música, mesmo aquelas que são, por exemplo, apoiadas por municípios ou por junta de freguesia, etc, vivem em grande parte de contratos a prazo ou prestações de serviço. E a maior parte dos professores de música vivem como saltimbancos.
Todos os nossos trabalhadores têm um vínculo laboral estável. Temos algumas pessoas a tempo inteiro, mas a maioria partilhamos com outras escolas.
Quantos trabalhadores tem a Academia, docentes e não docentes?
Temos perto de 40 docentes, duas funcionárias administrativas na nossa secretaria, duas funcionárias de corredor, e uma quinta pessoa que faz portarias e também assegura os finais de tarde.
As nossas funcionárias de corredor, a Hermínia e a Nélia são instituições. São memória viva e figura materna dos nossos alunos. São como que a alma da Academia. A Hermínia está cá há 43 anos. E se vir a professora Maria João Abreu, por exemplo, numa gala da Academia, verifica que gerações de pessoas foram suas alunas.
Tanto os professores como os alunos podem até dar aulas ou ter aulas noutro sítio, mas esta é uma casa diferente, por estar aqui no centro de Lisboa, por ter esta carga histórica e porque vive-se a música aqui de forma diferente.
Essas condições estão agora ameaçadas?
Claramente. Teremos de abandonar este espaço daqui a 18 meses. Ou, milagrosamente, arranjamos forma de comprar o imóvel, o que nos parece altamente improvável, ou temos que abandonar as instalações e encontrar um outro local.
Mas é claro que a nossa preferência número um é ficarmos onde estamos. Se estas paredes falassem, falavam música.
Por que razão terão de abandonar o espaço nesse prazo?
Esse prazo decorre de um acordo assinado com o senhorio.
A Academia encontra-se ao abrigo do estatuto de interesse local, histórico, cultural, e a nossa renda era efetivamente baixa. Inclusive, não cumpria o mínimo que é permitido pela lei das rendas, a qual estipula que o valor tem que ser de, pelo menos, 15 por 1000 do valor do imóvel. O senhorio aproveitou o facto de fazer uma reavaliação do imóvel e comunicou-nos que a renda passaria de 542 euros para 3.728 euros. Seriam mais cerca de 30.000 euros por ano. Acresce que essa renda só estaria garantida até 31 de dezembro de 2027, altura em que termina a proteção de que beneficiamos. Ou seja, teríamos que concordar com a nova renda de 3.728 euros, na expectativa de que no dia 1 de janeiro de 2028, o senhorio optasse por aumentar a renda para 10.000 ou 15.000 euros.
E foi neste contexto que tomámos a decisão muito difícil de tentar chegar a um acordo, no âmbito do qual ficou estipulado que temos de abandonar o imóvel até agosto de 2025.
A problemática do espaço da Academia arrasta-se há quantos anos?
Na prática, esta situação existe desde 2012. Na nova lei das rendas, que entrou em vigor nesse ano, não foi acautelada a situação não só da Academia e das restantes quatro entidades em Lisboa às quais foi atribuído o estatuto de interesse local, histórico, cultural, como de várias instituições que nem sequer tiveram acesso a essa proteção.
A Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul, nomeadamente, não foi salva a tempo. E foi, exatamente, esse exemplo que quisemos evitar ao assinar o acordo ao qual, de certa forma, fomos forçados.
Há 12 anos que estamos a viver de uma proteção que nos é dada aos bochechos, sendo prorrogada de cinco em cinco anos.
Não podemos agora ficar à espera que o estatuto de proteção seja novamente prolongado, porque, se isso não acontecer, e perante uma ordem do tribunal a ordená-lo, temos apenas alguns meses para sair, sem quaisquer condições.
Isso também impede que façam planos de longo prazo?
Sem dúvida. Se soubéssemos que estava garantida a nossa permanência neste espaço nos próximos 40 anos, poderíamos pensar em investir no salão, ampliar salas, renovar instrumentos. Não havendo garantia sobre o nosso futuro, esta proteção a prazo que nos foi dada, e a outras entidades, está a extinguir-nos. Não podemos sobreviver com horizontes de cinco anos. O nosso problema nunca foi resolvido, tem sido empurrado mais cinco anos para a frente.
É fundamental manter a Academia no centro de Lisboa?
Sim, e não se trata de uma qualquer pretensão elitista. O que está em causa é a própria sobrevivência da Academia. Se sairmos do centro vamos perder alunos, e a nossa localização é fundamental para conseguirmos cumprir os protocolos que temos com as 14 escolas do concelho onde se encontram uma grande parte dos nossos alunos.
E a verdade é que o Chiado e a Baixa são, e sempre foram, o centro cultural da cidade. As cidades têm centros culturais, com polos de atividade cultural à volta dos grandes equipamentos. É o que acontece, por exemplo, em Londres, Paris...
O centro de Lisboa não tem vindo a perder muitos desses polos de atividade?
Infelizmente, sim. Vários equipamentos desapareceram, progressivamente. E o mesmo acontece com o comércio ligado à cultura. Ainda me lembro do tempo em que, na principal esquina do Chiado, estava a Custódio Cardoso Pereira, uma loja de instrumentos musicais clássica, que desapareceu. Hoje, aqui à volta, já só há duas lojas de instrumentos musicais. As livrarias também estão a desaparecer. Quem chegar, daqui a dez anos, ao Chiado vai ver o Teatro de São Carlos, o Museu do Chiado e o Teatro São Luiz e, à volta, hotéis de luxo, oferta para os turistas com maiores rendimentos na área da restauração e comércio mais ou menos anódino, sem qualquer tipo de relação com Lisboa.
Esse é um cenário que, para mim, e acho que para todos nós, é particularmente triste.
Que entidades podem e devem intervir para não deixar morrer a Academia?
À cabeça, há duas entidades com responsabilidades: a Câmara Municipal de Lisboa e o Ministério da Cultura. Já tivemos reuniões com ambas e mostraram-se sensibilizadas com a situação. Ninguém nos diz que não temos um problema e que não merecemos ser, de alguma forma, socorridos, ou que não merecemos atenção. Mas ainda não há qualquer solução.
O Ministério da Cultura, além de nos dizer que não tem orçamento, referiu que, para socorrer a Academia, que, na sua perspetiva, é uma instituição de caráter local, teria de socorrer da mesma forma outras instituições culturais na cidade do Porto e noutras capitais de distrito. Para além disso, o Ministério da Cultura não tem, tipicamente, atuado em situações patrimoniais. Ou seja, a tutela patrocina, através da Direção-Geral das Artes, como acontece atualmente com a Academia, as atividades, mas não assegura apoio para as infraestruturas que não são património do Estado.
Resumindo, a posição do Ministério da Cultura é: “Percebemos, podemos apoiar via apoio à atividade cultural, e via influência, mas esta é uma questão a que, em prioridade, a Câmara Municipal deve responder”.
Já a Câmara Municipal de Lisboa afirma que já apoia as nossas atividades, e que fomos protegidos da Nova Lei das Rendas por uma decisão da autarquia o que é efectivamente verdade e pelo qual estamos obviamente agradecidos.
Mas a verdade é que essa proteção é temporária.
O que temos dito à Câmara é que existem aqui duas hipóteses: a autarquia adquirir o imóvel, com o contributo financeiro da Academia, ou assegurar que a Academia disporá de um imóvel no centro da cidade para se fixar.
No entanto, somos confrontados com o argumento de que existem outras entidades que também necessitam de apoio. Parece-me, ainda assim, que, olhando para o universo das cinco entidades que foram classificadas com o estatuto de interesse local, histórico, cultural, e sem questionar a importância de cada uma delas, a Academia se destaca em termos de contribuição para a vida artística e cultural da cidade. E isto não quer dizer que a situação das restantes entidades não deveria ser também acautelada. Mas a Academia está efetivamente viva, tem impacto direto na vida de, pelo menos, 300 pessoas e tem uma forte inserção na comunidade. A Academia traz gente para o centro da cidade e dinamiza esta zona.
E é por isso que apelamos que, no mais curto prazo de tempo possível, se encontre uma solução que salvaguarde a atividade da Academia, mantendo-a no centro cultural da cidade.