Gaza

O Kathrin já não tem bandeira portuguesa, o material explosivo lá continua

15 de outubro 2024 - 21:49

18 dias depois de ter recebido a informação do armador de que iria retirar o pavilhão português, o Governo fez saber que o registo do cargueiro na Madeira foi finalmente anulado. A retirada da bandeira foi uma exigência do movimento de solidariedade com a Palestina e que levou o Bloco a pedir ao Ministério Público para prevenir que o país fosse acusado de cumplicidade com o genocídio.

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Cargueiro Kathrin. Fotografia de LPX/Shipspotting
Cargueiro Kathrin. Fotografia de LPX/Shipspotting

O navio que navegava com bandeira portuguesa enquanto transportava material explosivo para Israel finalmente retirou a bandeira. Fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou à Lusa que “terminaram as diligências técnicas e foi retirada a bandeira. O registo foi definitivamente cancelado”.

De acordo com Paulo Rangel, tinha sido já a 27 de setembro que o dono do cargueiro Kathrin comunicara que ia retirar a bandeira. Na altura o ministro prometera rápida solução para o facto de haver um barco com bandeira nacional a transportar materiais que iriam para um país que está a cometer um genocídio em Gaza. Durante todo este tempo, como contava o Esquerda.net esta terça-feira, o massacre continuava.

O governo agiu depois de ter sido pressionado. O Bloco de Esquerda tinha pedido ao Ministério Público que “fiscalize e previna que Portugal venha a ser acusado internacionalmente por cumplicidade com um genocídio” e requereu também a audição de Paulo Rangel na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas sobre o tema.

Também a relatora especial das Nações Unidas para a Palestina, Francesca Albanese, tinha apelado ao governo que tratasse de solicitar “urgentemente” a retirada da bandeira”, argumento então que “depois de reconhecer a plausibilidade do genocídio em Gaza, em janeiro de 2024, o Tribunal Internacional de Justiça deixou claro que todos os Estados têm a obrigação de ‘respeitar e fazer respeitar’ a Convenção sobre o Genocídio ‘em todas as circunstâncias’, e que os Estados têm ‘obrigações internacionais relativas à transferência de armas para as partes num conflito armado'”.