A Microsoft é a mais recente empresa na mira da campanha Boicote, Desinvestimento e Sanções a Israel (BDS). Esta semana foi lançada uma campanha de boicote à gigante tecnológica, com ênfase na plataforma de jogos da sua consola Xbox. A BDS apela aos utilizadores da Xbox a que cancelem a sua assinatura do Game Pass e aos restantes para que não comprem esta consola nem os seus acessórios, bem como os jogos mais populares detidos pela Microsoft, como o Candy Crush, o Minecraft ou o Call of Duty, responsáveis por uma grande fatia das receitas e dos lucros da marca.
“Ao boicotar a marca Xbox, estamos a pressionar a Microsoft a pôr fim à sua cumplicidade no genocídio, ocupação e apartheid de Israel contra os palestinianos. Os palestinianos apelam a todos para que boicotem a Xbox da Microsoft e os produtos de jogos da Microsoft, uma vez que existem alternativas viáveis de jogos. O genocídio não é um jogo”, alerta a campanha BDS.
Além disso, apela também ao aumento da pressão em cada país para a exclusão da Microsoft dos contratos públicos.
“A Microsoft é talvez a empresa tecnológica mais cúmplice da ocupação ilegal de Israel, do regime de apartheid e do genocídio em curso contra 2,3 milhões de palestinianos em Gaza”, refere o apelo da BDS. O Microsoft Azure é usado na gestão das autorizações que os palestinianos são obrigados a ter nos territórios ocupados e que representam um mecanismo essencial da segregação racial e opressão que sofrem na sua terra. E também é usado desde 2017 na gestão dos dados das prisões israelitas, conhecidas pela tortura e outras violações graves dos direitos humanos.
Por outro lado, acrescenta a BDS, a Microsoft “fornece aos militares israelitas serviços Azure de cloud e IA que são fundamentais para acelerar o genocídio” em Gaza, acrescenta a campanha. Em 2022, a Elbit Systems - uma das maiores empresas contratadas pelo exército israelita - anunciou que o seu simulador de combate iria correr na plataforma Microsoft Azure. O simulador é usado nos centros de treino do exército para simular cenários reais de batalha.
Em suma, “ao fim de 34 anos de profunda cumplicidade com as forças armadas de Israel, o exército israelita depende fortemente da Microsoft para satisfazer os requisitos tecnológicos do seu regime de genocídio e apartheid”. Além dos serviços da cloud do Microsoft Azure, da gestão de sistemas de ficheiros e emails dos militares, a empresa fornece também tecnologia usada para combate e recolha de informações. Isso leva a BDS a declarar que as tecnologias postas ao serviço do apartheid sionista é tão fundamental para a sua manutenção e a execução do genocídio em Gaza “como os muros ou as munições”.
Apoiados pela BDS e outras organizações da sociedade civil dos EUA, trabalhadores da Microsoft lançaram a campanha “Nenhum Azure para o Apartheid” para pressionar a empresa a pôr termo a esta cumplicidade com os ataques aos direitos humanos por parte do governo israelita. Mas os executivos da empresa recusam-se a dar resposta às exigências destes trabalhadores ou a comentar a natureza dos lucrativos contratos com os militares israelitas. “Em vez disso, a Microsoft perpetua um clima de medo e repressão, silenciando, intimidando e retaliando contra funcionários palestinianos, árabes, muçulmanos e pró-palestinianos que se manifestam sobre o papel da Microsoft no genocídio”, acusa a BDS.