Campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções a Israel

No arranque da semana de ação global da campanha BDS, explicamos como nasceu e cresceu este movimento e mostramos alguns exemplos de negócios entre o Estado português e empresas que colaboram com a ocupação ilegal de terras palestinianas. Dossier organizado por Luis Branco.

20 de novembro 2024 - 16:33
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dossier BDS

Entre 20 e 29 de novembro, o movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções convoca uma semana de ação global para pressionar os países e as Nações Unidas a imporem sanções ao apartheid israelita. A campanha segue-se à aprovação em setembro de uma resolução histórica na Assembleia Geral das Nações Unidas com esse apelo a sanções, na sequência do parecer do Tribunal Internacional de Justiça em julho ter recordado a obrigação de todos os países para pararem a cumplicidade com a ocupação israelita e o genocídio em curso na Faixa de Gaza.

No último ano, com o massacre dos palestinianos em Gaza, a pressão internacional subiu de tom e foram vários os países e empresas a pelo menos anunciarem a redução dos laços com o regime sionista, que permanece indiferente a esta pressão e prossegue com os ataques a instalações das Nações Unidas e até às suas tropas estacionadas no Líbano. Por isso, as exigências desta semana de ação global passam pelo apoio à suspensão de Israel dos fora internacionais, o embargo de exportações, importações e parcerias de investigação que envolvam material com uso militar, sanções no plano das relações financeiras, comerciais e diplomáticas, a proibição dos negócios com empresas envolvidas na ocupação ilegal dos territórios palestinianos e sanções dirigidas a personalidades e instituições envolvidas em crimes face à lei internacional.

Neste dossier, explicamos a origem e o percurso do movimento BDS desde a fundação em 2005 até agora, bem como da campanha cada vez mais bem financiada por parte dos governos sionistas para a tentar silenciar, frequentemente recorrendo à difamação e à censura.

Olhamos também para os negócios do Estado português com algumas das empresas que colaboram com a ocupação ilegal dos territórios palestinianos ou que alimentam o esforço militar no genocídio em curso na Faixa de Gaza. A começar pelo setor militar que na última década gastou dezenas de milhões de euros em compras à indústria militar israelita.

Nos serviços do Estado, tanto o Ministério da Defesa como a Autoridade Tributária e a Imprensa Nacional Casa da Moeda confiam a assistência técnica dos seus sistemas informáticos de gestão a uma consultora que em 2021 se tornou parte do grupo israelita Aman, um dos maiores do país no setor das tecnologias da informação e que se tem destacado no uso da inteligência artificial para combater e eliminar da internet as mensagens e publicações que denunciam o genocídio em Gaza.

No plano do financiamento da ocupação e do genocídio, através de empréstimos, garantias ou mesmo uma fatia na propriedade dos fabricantes de armas que atingem hoje o Líbano ou Gaza, intervêm ativamente os maiores bancos internacionais. Alguns deles, como o Santander, o BBVA ou o BPI/La Caixa, têm peso na banca de retalho portuguesa.

O investimento em Portugal por parte de empresas israelitas que participam e lucram com a ocupação ilegal de territórios palestinianos em Jerusalém, Cisjordânia e Montes Golã está a estender-se à rede de transportes públicos portuguesa. O Esquerda.net denunciou dois casos.

O primeiro é o dos transportes da região intermunicipal de Aveiro, onde a empresa concessionária, a Busway, é detida a 50% pelo fundo que ajudou a construir o maior campo de treinos militares em Israel, com capacidade para acolher 11 mil soldados.

O segundo caso é o dos Transportes Sul do Tejo, que têm hoje a concessão da Carris Metropolitana nos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra. A empresa é detida maioritariamente pelo grupo israelita Dan, que constrói projetos residenciais nos colonatos ilegais na zona ocupada de Jerusalém Leste, como os de Talpiot Oriental, Pisgat Ze’ev ou o do Monte Francês. A empresa está também no consórcio para construir e gerir a linha de metro de superfície que vai ligar estes colonatos ao centro e à zona ocidental da cidade.

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