Éric Ciotti, presidente dos Republicanos, o partido gaullista que faz parte do PPE, como PSD e CDS, anunciou na tarde desta terça-feira a sua vontade de entrar num acordo político com a extrema-direita para as próximas eleições legislativas francesas.
Depois da União Nacional ter vencido as eleições europeias e do presidente Macron ter dissolvido o Parlamento e convocado eleições, aos microfones da TF1 o líder da direita francesa acabava definitivamente com o propalado “cordão sanitário” à volta da extrema-direita que fez com que, durante décadas, os partidos do campo democrático não entrassem em acordo com os ultradireitistas. A sua justificação é “opor-se à impotência do macronismo e ao perigo dos Insubmissos”, isto no rescaldo do acordo entre a esquerda para concorrer junta às eleições de 30 de junho.
Para ele, o seu partido e a extrema-direita dizem “a mesma coisa” sobre muitos temas e é tempo de “parar de fazer oposições fictícias”.
A declaração foi imediatamente louvada quer por Marine Le Pen, que disse ter sido uma “escolha corajosa”, quer pelo novo chefe do partido, Jordan Bardella, que escreveu no X ser uma escolha “no interesse dos franceses”. “Unamos as nossas forças”, concluiu.
Declaração de Ciotti abriu revolta no partido
A concretização de tal unidade está longe de ser certa. Antes pelo contrário. No interior do partido, muitos receberam com choque as declarações do dirigente e somaram-se pedidos de demissão. O presidente dos Republicanos no Senado, Gérard Larcher, defende que “ele não pode mais presidir ao nosso movimento e deve-se demitir do seu mandato”. O ex-presidente do partido, Jean-François Copé, Olivier Marleix, presidente do Grupo Parlamentar e vários deputados tomaram posição no mesmo sentido. A ex-candidata presidencial da direita, Valérie Pécresse, também o fez, apelando ao partido para “denunciar imediatamente” este acordo feito por quem “vende a alma por um prato de lentilhas”.
Dois senadores, Jean-François Husson e Sophie Primas, anunciaram sair do partido. O grupo senatorial dos Republicanos adotou por unanimidade um texto em defesa da “independência” face ao macronismo e à extrema-direita.
Foram muitos menos os dirigentes dos Republicanos que se colocaram do lado de Ciotti e aparentemente com menos peso, como o presidente da juventude partidária, Guilhem Carayon, e a eurodeputada Céline Imart.