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Moções abriram debate na XIII Convenção

Mariana Mortágua e Pedro Soares apresentaram as duas moções de orientação em debate na Convenção bloquista. Veja aqui os vídeos das intervenções.
XIII Convenção do Bloco. Foto Esquerda.net

Os trabalhos da Convenção bloquista recomeçaram ao início da tarde de sábado com a apresentação das duas moções pelos seus primeiros subscritores. O debate decorre até ao final de domingo com mais de uma centena de intervenções, seguindo-se a votação dos documentos pelos 654 delegados e delegadas eleitas.

Mariana Mortágua: ”Não estamos condenados ao vexame que a maioria absoluta impõe a Portugal”

Apresentação da Moção A: Uma força, muitas lutas

Na apresentação da Moção A - “Uma força, muitas lutas” – Mariana Mortágua começou por referir o crescimento da extrema-direita e da necropolítica que “é a nova política velha deste mundo”. Uma política que em Itália manda morrer imigrantes nas águas do Mediterrâneo, no Brasil mandou morrer pessoas sem vacina à porta dos hospitais durante a pandemia, nos EUA manda morrer afoamericanos asfixiados por quem devia respeitar a lei e na Rússia manda jovens morrer pelo Império na invasão da Ucrânia. Face a esta necropolítica da extrema-direita, prosseguiu Mariana, o centro, de Macron a António Costa, só tem para oferecer “palavras vazias que alimentam ressentimento e medo”, ao produzirem empobrecimento e desproteção social. Cabe então à esquerda, contrapôs Mariana, dizer “a cada trabalhador, a cada trabalhadora, que a esquerda é igualdade, habitação, saúde, educação, salário, justiça nos impostos”.

Mariana Mortágua classificou o percurso da atual maioria absoluta do PS como “uma sucessão ininterrupta de irresponsabilidades”. A primeira destas irresponsabilidades foi a crise política aberta pela recusa de “medidas sensatas”, com o PS a preferir “condenar o SNS ao estrangulamento”. A segunda é o “festival de facilidades”, com benefícios fiscais para fundos imobiliários, não-residentes e créditos fiscais perpétuos à banca por parte de um Governo que “cobra ao salário os impostos que perdoa às elites económicas”. A terceira é a resposta à inflação, com acordos assinados com patrões, empresas da grande distribuição e a banca, que considera “um insulto” a quem está a perder poder de compra e não cabe nos apoios pontuais criados pelo executivo. E a quarta irresponsabilidade “é tratar como estúpidas as pessoas que estão a ser empobrecidas” e a quem são oferecidos discursos de prosperidade da economia.

“Levar o país a sério é dizer ao povo que não estamos condenados à degradação e ao vexame que a maioria absoluta impõe a Portugal”, defendeu Mariana Mortágua, em nome de uma alternativa que garanta a “vida boa” que merece “cada pessoa que ganha a vida a trabalhar: habitação, saúde, educação, salário, justiça nos impostos, e tempo para tudo o resto”, concluiu.

Pedro Soares: “A geringonça acabou, mas perdura e marca a orientação política do Bloco”

Apresentação da Moção E: Um Bloco plural para uma Alternativa de Esquerda

Na apresentação da moção E - “Um Bloco plural para um Alternativa de Esquerda – um desafio que podemos vencer”, Pedro Soares recusou “uma Convenção que seja um muro de lamentações”, mas que em vez disso “seja exigente na avaliação crítica e no confronto democrático das propostas" perante uma situação política marcada pela “guerra, inflação, emergência climática, crescimento das desigualdades”.

Sobre a recente crise política, Pedro Soares defendeu que “a esquerda não pode ajudar a essa tentativa de festim que tem o condão de não apresentar soluções que melhorem a vida das pessoas, mas favorece o populismo”. E deve responder à “crise social que se agrava e para a qual a direita e a extrema-direita não têm respostas porque a política da crise é a sua própria política”.

No plano do debate interno sobre a orientação do Bloco, lamentou o elevado nível de abstenção nas eleições de delegados e considerou que “os tempos não estão para discursos vagos do tipo “uma vida boa para todas as pessoas””, pois “a luta de classes não se esvaiu por milagre, os tempos são fraturantes, exigem a clareza do compromisso político, com o trabalho, com o ambiente, com os direitos mais elementares à saúde ou à habitação”. A propósito do balanço do ciclo político encerrado nas últimas eleições, criticou “a troca do nosso programa pela procura de acordos com o PS, sem qualquer base real de possibilidade a não ser com o abandono das nossas bandeiras”. “A geringonça acabou, mas perdura e marca a orientação política do Bloco”, acrescentou.

A guerra na Ucrânia foi outro dos temas trazidos a debate, com a defesa da “condenação inequívoca da Federação Russa pela invasão de um país soberano e a nossa solidariedade total com o povo ucraniano que tem o direito de se defender e de encontrar os meios para o fazer”. E criticou a posição da direção de alinhamento com a posição do Governo português e a representação do partido na viagem promovida pelo presidente da Assembleia da República à Ucrânia, que considerou ter como objetivo a reafirmação da posição da NATO a favor da escalada militar.

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