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Ministro italiano condenado por insultos racistas

Roberto Calderoli, do partido de Salvini, foi condenado a sete meses de prisão por ter insultado num comício há dez anos a primeira ministra afrodescendente do país.
Roberto Calderoli
Roberto Calderoli. Foto publicada na sua página facebook

O ministro italiano dos Assuntos Regionais e das Autonomias, Roberto Calderoli, foi condenado esta quinta-feira por um tribunal de Bergamo a uma pena de sete anos de prisão por difamação agravada de origem racial contra Cécile Kyenge. A atual eurodeputada era em 2013 ministra da Integração no governo de Enrico Letta e foi alvo dos insultos racistas do então vice-presidente do Senado, eleito pela Liga liderada por Matteo Salvini. Num comício em Treviglio, no norte de Itália Calderoli disse que quando via imagens da ministra não conseguia deixar de pensar "nas semelhanças com um orangotango".

A frase provocou na altura reações de indignação em Itália e um pedido de desculpas do senador que em 2006 já tinha abandonado o governo de Berlusconi após exibir uma t-shirt anti-Islão sobre o profeta Maomé e antes criticado a seleção francesa de futebol que perdeu a final do Mundial com Itália, atribuindo a derrota ao facto de os jogadores franceses serem "negros, muçulmanos e comunistas".

O processo dos insultos a Cécile Kyenge seguiu na justiça italiana e dez anos depois foi o Tribunal Constitucional a concluir que o ex-senador não podia gozar da imunidade parlamentar por insultos.

Este não é o primeiro responsável da Liga a ser condenado por insultos racistas à antiga ministra que fez do direito à nacionalidade para os filhos dos imigrantes uma das suas bandeiras políticas. No mesmo ano, o eurodeputado da Liga Mario Borghezio disse numa entrevista de rádio de Cécile Kyenge, nascida no Congo e a viver desde 1983 em Itália, onde tirou o curso de medicina, tinha "roubado o emprego a um médico italiano". Quatro anos depois, Borghezio foi condenado por um tribunal de Milão a pagar uma indemnização de 50 mil euros a Kyenge.

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