Só menos de metade dos médicos especialistas em ginecologia-obstetrícia e pouco mais de metade dos médicos especialistas em pediatria é que trabalham no Serviço Nacional de Saúde (SNS). A falta de profissionais de saúde nestas especialidades tem levado ao encerramento recorrente de Serviços de Urgência na Região de Lisboa e Vale do Tejo.
Segundo o Diário de Notícias, até esta semana estavam inscritos na Ordem dos Médicos 1960 especialistas em ginecologia-obstetrícia, mas apenas 748 trabalham no Serviço Nacional de Saúde. No caso dos pediatras, há 2529 médicos inscritos na Ordem, mas só 1325 é que trabalham no SNS.
A Direção Executiva do SNS confirmou ao jornal a escassez de pessoal, dizendo estar preparada para resolver a situação da região de Lisboa e Vale do Tejo, mas os sindicatos confirmam que a tendência é para o agravamento da situação. Uma situação de falta de profissionais de saúde que se desenvolve há muito tempo, e que os sucessivos governos não resolveram.
O agravamento no futuro próximo deve-se, segundo as estruturas sindicais, ao facto de os médicos estarem próximos de atingir o limite das 150 a 250 horas extraordinárias, mas também à aproximação do período de férias.
A nível estrutural, o problema é que a tendência de saídas destes especialistas se mantém. Isto de acordo com a Administração Central do Sistema de Saúde, que indica que entre final de dezembro e fevereiro mais seis obstetras deixaram o Serviço Nacional de Saúde.
“É uma pescadinha de rabo na boca, quantos mais saem mais trabalho recai sobre quem fica e muitos acabam por desistir”, disse ao Diário de Notícias a presidente da Federação Nacional dos Médicos, Joana Bordalo e Sá.
Dos 748 obstetras que trabalham no SNS, o maior número está concentrado nos hospitais públicos da Região Norte – 331 – depois em Lisboa e Vale do Tejo – 227 – e finalmente no Centro – 156. No Algarve há apenas 23 e no Alentejo são só 11. A distribuição de pediatras no Serviço Nacional de Saúde é semelhante. São 561 no Norte, 469 em Lisboa e Vale do Tejo, 219 no Centro, 41 no Alentejo e 37 no Algarve. Os dados relativos às Regiões Autónomas não são disponibilizados.