Europeias 2024

Meloni aproxima-se de von der Leyen, esquerda italiana pode voltar a eleger

25 de maio 2024 - 14:13

A primeira-ministra italiana encabeça a lista às europeias e vai à frente nas sondagens. O partido 5 Estrelas negoceia a entrada no grupo dos Verdes e o grupo da Esquerda europeia pode voltar a contar com representação italiana.

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Giorgia Meloni e Ursula von der Leyen.
Giorgia Meloni e Ursula von der Leyen. Foto de Christophe Licoppe/Comissão Europeia

O partido de Meloni, Irmãos de Itália (Fratelli d' Italia - FdI), lidera as sondagens para as eleições europeias em Itália, contando com 26,7% das intenções de voto. Demarca-se assim dos partidos com que forma governo. O Lega de Salvini fica com 8,5% em quarto lugar e o Forza Italia, partido formado por Berlusconi, fica com 7,6% em quinto.

Ao mesmo tempo, a esquerda alargada tem vindo a conquistar votos de forma consistente. O Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, aparece como segunda força política com 20,1% e o Movimento Cinco Estrelas (M5S) como terceira com 15,8%. A Aliança dos Verdes de Esquerda (Alleanza Verdi e Sinistra - AVS), coligação entre a Sinistra Italiana e Federazione dei verdi, tem 3,9%.

Seguindo a tendência internacional, também em Itália as eleições europeias servem mais para redefinir o equilíbrio de poder da política nacional do que para discutir uma agenda europeia. O mesmo acontece com as eleições regionais, servindo como intercalares e avaliação do governo. Nas eleições de 25 de fevereiro na Sardenha ganhou uma aliança entre o PD e o M5S, derrotando o FdI na região, enquanto nos Abruzos a 10 de março ganhou o partido de Meloni.

Francisco Louçã
Francisco Louçã

Uma campanha europeia perigosa

21 de maio 2024

A ala da extrema-direita do parlamento europeu, os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) e Identidade e Democracia (ID), está em transformação. As sondagens europeias apontam um crescimento significativo dos dois grupos e Ursula von der Leyen, candidata do Partido Popular Europeu (PPE) a presidente da Comissão Europeia, apontou uma possível coligação com o ECR.

Salvini, dirigente do Lega membro do ID a par do RN francês e do PVV holandês, aposta numa retórica anti-Europa, apoia Trump e não se distanciou de Putin. Enquanto isso, Georgia Meloni, líder do grupo ECR, tem cultivado uma relação próxima com von der Leyen nos últimos meses, aproximou-se de Biden e tem defendido o apoio à Ucrânia. A moderação gradual do discurso de Meloni, que concorre às europeias como cabeça de lista de forma meramente simbólica, explica-se com a vontade de criar uma grande coligação de direita na União Europeia. Anchal Vohra, colunista no Foreign Policy, resume “Giorgia Meloni já não quer sair da União Europeia – quer controlá-la”.

Esta quinta-feira, o grupo ID anunciou a expulsão do partido de extrema-direita AfD após declarações fascistas do seu líder, dando a impressão que se pretende moderar para passar a ser considerado também para uma grande coligação de direita.

Esquerda Italiana deve voltar ao Parlamento Europeu

Espera-se que a Aliança dos Verdes de Esquerda eleja entre 4 a 5 eurodeputados que serão depois distribuídos entre os Verdes e o grupo d’A Esquerda. Neste último mandato, o grupo não contou com deputados italianos, sendo portanto um resultado positivo.

Política e negócios

O clima de guerra na Europa está a branquear a extrema-direita

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Francesca De Benedetti

04 de maio 2024

Uma das possíveis eurodeputadas para a Esquerda é a ativista Ilaria Salis, atualmente em prisão domiciliária na Hungria acusada de ter agredido um militante neonazi. Os dirigentes da Aliança, Nicola Fratoianni da Sinistra Italiana e Angelo Bonelli da Federazione dei verdi,  anunciaram em comunicado "A ideia é que, em torno da candidatura de Ilaria Salis, se possa gerar uma grande e generosa batalha para que a União Europeia defenda os princípios do Estado de direito e reafirme a inviolabilidade dos direitos humanos fundamentais em todo o seu território e em cada um dos seus Estados membros".

Ao mesmo tempo, a líder do PD, Elly Schlein, primeira mulher a liderar o partido, apontou como suas prioridades uma Europa mais social, o investimento na transição verde e o combate à violência de género. Espera-se que a sua representação no Parlamento Europeu se mantenha igual.

Já o Movimento Cinco Estrelas, liderado por Giuseppe Conte e que possivelmente verá a sua representação aumentar, pode passar do grupo dos eurodeputados não-inscritos para os Verdes. Segundo Terry Reintke, copresidente do Grupo dos Verdes Europeus, as negociações foram abertas, mas ainda não houve desenvolvimentos.