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Marisa quer um país “que se orgulha de quem trabalha”

No debate com todos os candidatos na RTP, Marisa Matias elegeu o combate às desigualdades como centro das preocupações da candidatura.
Marisa Matias
Marisa Matias no debate na RTP entre todos os candidatos.

O único debate com todos os candidatos presidenciais, que se realizou esta terça-feira na RTP, começou com uma ronda de questões sobre as condições para a realização das próprias eleições. Marisa Matias considerou que é “obrigação” dos candidatos, “respeitando todas as normas sanitárias, fazer a melhor campanha” que possam fazer “no sentido de esclarecer as pessoas”. E que “é obrigação do governo criar condições para que as pessoas possam votar em segurança”. Isto porque, apesar da “situação muito dramática”, “a vida continua e a democracia também continua”. E a candidata encontra uma prova da vontade que existe em levar avante estas eleições nos “números elevados de pessoas que se inscreveram para o voto antecipado”.

Sobre as medidas a implementar no âmbito do combate à pandemia, declarou que “vamos necessitar de novas medidas”, mas reforçou que nestas tem de constar a “garantia de rendimentos das famílias e também de apoios às empresas”. Até aqui este apoio não tem sido feito “na medida da exigência que é feita”, avalia.

Marisa aposta também no reforço do Serviço Nacional de Saúde. Por isso, acha que devemos “reconhecimento” aos seus profissionais “que estão a permitir salvar vidas todos os dias com milhões de horas extraordinárias que não recebem” e “com muitos meios que lhes faltam”. Uma falta de meios agravada pelo “enorme desinvestimento” num sistema que “tem sido maltratado”, foi particularmente durante o governo de direita do PSD e CDS.

Sobre este tema, fez ainda questão de se distanciar do candidato da extrema-direita que pensa que a Lei de Bases de Saúde é o problema. Para a eurodeputada, pelo contrário, esta “é o que nos permite garantir que podemos ter um Serviço Nacional de Saúde em que os profissionais sejam reconhecidos, as suas carreiras reconhecidas, haja condições para fixar os profissionais com salários dignos e justos”.

E a Lei de Bases permitiu-lhe ainda mostrar as diferenças de posição face ao atual presidente, que usou a sua influência para manter a posição dos privados. Sobre estes interesses, atacou “o mito para incautos” de que o SNS seria mais caro. Utilizou o exemplo da parceria público-privada no Hospital de Braga para provar o seu ponto. Neste caso, houve “ineficiência da gestão de recursos” e “todos os indicadores em termos de consultas, de cirurgias, de custos” melhoraram quando o SNS voltou a controlar o hospital. Daí que pense que o Serviço Nacional de Saúde “custa menos aos portugueses e é mais eficiente”

Ainda no plano das diferenças relativamente a Marcelo Rebelo de Sousa, a candidata presidencial defendeu que a “parceria entre Presidente e Governo gerou bloqueios nas respostas necessárias” aos problemas estruturais da sociedade portuguesa, na saúde, no trabalho, nomeadamente na questão da precariedade, e na relação com a banca. Marisa Matias pensa que “o nosso país precisa de alguém na presidência que ajude a romper com esses bloqueios”.

Para ela, o problema central do país são as desigualdades que “não são um desvio das políticas” ou “uma exceção”. São, ao invés, “o centro das políticas”. Foram-no no governo de Passos Coelho e de Paulo Portas que dizia querer empobrecer o país, “e empobreceu”, e continuam a ser porque não temos salários e pensões dignas, num país onde um gestor “pode ganhar 90 vezes o que ganha um operário” e a Galp pode “distribuir dividendos ao mesmo tempo que despede imensos trabalhadores”, 200 mil pessoas precárias “ficaram sem emprego quando a pandemia começou” e “uma em cada seis pessoas é pobre ou está no limiar da pobreza”. Razões mais que suficientes para fazer um contrato para a saúde, para a transição energética com emprego, para a coesão territorial.

Marisa Matias terminou a sua intervenção falando no país que quer: “um país que se orgulha de quem aqui trabalha, que se orgulha das lutas, que as assume, que quer que seja um local de justiça social e económica, que não fica no passado mas que responde aos desafios intergeracionais” porque “não podemos nem abandonar os mais velhos nem os mais novos”.

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