Mariana Mortágua acusa governo de “partidarização” da Saúde

06 de fevereiro 2025 - 18:52

Em interpelação do Bloco de Esquerda ao governo, Mariana Mortágua elencou os problemas do SNS e os problemas da gestão do atual governo, bem como a crise estrutural na saúde criada pelo Partido Socialista.

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Mariana Mortágua
Fotografia de Miguel A. Lopes/Lusa

O Bloco de Esquerda confrontou esta quinta-feira a ministra da Saúde no parlamento, numa interpelação ao governo sobre a “partidarização do SNS e degradação do acesso à saúde”, devido aos problemas que os utentes têm sentido e que se têm agudizado no último ano.

Mariana Mortágua sublinhou que “um milhão e meio de utentes continua sem médico de família”, que “a suposta redução das listas de espera não passa de um truque contabilístico” e que “nada do que o governo apresenta fortalece estruturalmente a capacidade de resposta do SNS”, o que resulta no encerramento de 17 urgências ao fim-de-semana e mais utentes sem médico de família.

Com esta crise, a coordenadora do Bloco de Esquerda responsabiliza a ministra Ana Paula Martins por continuar a desviar recursos para o privado com a criação de centros de atendimento clínico no privado, centros de saúde privados e benefícios fiscais para seguradoras privadas.

Mas, na sua interpelação, Mariana Mortágua apontou também o dedo à governação do Partido Socialista, que “achava que os excedentes orçamentais eram mais importantes que o investimento no SNS” e que “recusou um regime de exclusividade e a revisão das carreiras dos profissionais”, bem como “a aposta nos cuidados de saúde primários e na autonomia das unidades de saúde”.

A dirigente do Bloco de Esquerda criticou a escolha de Álvaro Santos Almeida para CEO do Serviço Nacional de Saúde, uma vez que foi presidente do grupo de trabalho para o turismo de saúde criado pelo governo de Passos Coelho e colabora regularmente com o instituto +Liberdade, da Iniciativa Liberal.

“Sempre que o primeiro-ministro ou a senhora ministra da Saúde dizem que não têm uma visão ideológica do SNS, é mesmo para passar recursos do SNS para o privado”, disse, considerando que essa é “uma visão ideológica”.

O Bloco de Esquerda considera que este é um caso de “partidarização de uma importante área do Estado” e que “o SNS não melhorou nestes meses nem vai melhorar, por uma razão simples: não é esse o objetivo” do atual governo.

Conselho de administração do Amadora-Sintra renúncia aos cargos

Enquanto Mariana Mortágua confrontava a ministra da Saúde no parlamento, o conselho de administração da Unidade Local de Saúde de Amadora-Sintra enviava um e-mail às redações a anunciar a renúncia aos cargos.

No comunicado, o conselho de administração, que se encontrava em funções desde julho de 2023, afirma que a renúncia permitirá “à tutela implementar as medidas e políticas que considere necessárias, não sendo este conselho de administração um obstáculo”.

A renúncia do conselho de administração acontece no seguimento da emissão do diretor da urgência, Hugo Martins, que renunciou ao cargo alegando “motivos pessoais”, e de uma carta enviada pelos internos de formação especializada em cirurgia geral à ministra da Saúde, manifestando “profunda preocupação” com o serviço e com a falta de pessoal.

Já em outubro dez cirurgiões se tinham demitido devido ao regresso de dois médicos que há um ano tinham denunciado más práticas no serviço.