“Israel está agora a lançar uma guerra contra os hospitais da Cidade de Gaza”, afirmou no sábado Mohammad Abu Selmeyah, diretor do Hospital al-Shifa. Este é o maior complexo hospitalar da cidade e os mísseis israelitas não têm poupado a área onde se encontra, danificando também outras unidades de saúde como o Hospital Indonésio e o hospital pediátrico Nasser Rantissi.
Já este domingo, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento denunciou "um número significativo de mortos e feridos" no bombardeamento da sua sede na cidade de Gaza. E o líder da Organização Mundial de Saúde afirmou que perdeu a comunicação com o Hospital Al-Shifa e diz que há relatos de algumas pessoas que fugiram do hospital foram baleadas.
Deeply worrisome and frightening: @WHO has lost contact with its focal points in Al-Shifa Hospital in #Gaza, amid horrifying reports of the hospital facing repeated attacks.
There are reports that some of those who fled the hospital have been shot at, wounded, or killed.
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) November 12, 2023
Além de acolherem os doentes e o pessoal hospitalar, milhares de refugiados abrigam-se junto às instalações hospitalares, acreditando ser a zona mais segura. A ONU confirmou no sábado que os quatro principais hospitais de Gaza estão cercados, enquanto o exército israelita desmente o cerco ao hospital al-Shifa, reconhecendo existirem combates nas proximidades.
O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) afirmou à BBC que os hospitais no Norte de Gaza “chegaram a um ponto sem retorno”.
"É intolerável pensar que esta situação humanitária catastrófica já dura um mês. É inaceitável que dure mais", afirmou a presidente do CICV Mirjana Spoljaric esta semana no seu discurso na Conferência Internacional Humanitária para a População Civil de Gaza realizada em Paris.
Para a líder do CICV, "a ajuda humanitária não deve servir para encobrir a falha de não proteger as vidas das pessoas civis. A principal responsabilidade de proteger as vítimas da guerra cabe às partes no conflito" e essa proteção "deve ser estendida a toda a população civil, incluindo quem permanece na cidade de Gaza", pois "é pouco provável que o norte fique completamente esvaziado da sua população e nem todos os seus edifícios podem ser considerados alvos militares", prosseguiu Mirjana Spoljaric.
Gigantesca manifestação em Londres
Na tarde de sábado, centenas de milhares de manifestantes - 300 mil segundo a polícia, 800 mil segundo os organizadores - saíram às ruas de Londres para exigir o fim dos ataques de Israel e o cessar-fogo imediato.
Esta foi uma das maiores manifestações de sempre no Reino Unido e teve por objetivo pressionar o chefe do Governo Rishi Sunak mas também o líder da oposição Keir Starmer, a defenderem o cessar-fogo para o conflito.
A marcha decorreu de forma pacífica e os únicos incidentes ocorreram de manhã entre a polícia e manifestantes da extrema-direita, com 126 detidos. O mayor de Londres, Sadiq Khan, responsabilizou a ministra do Interior pela violência, por causa das suas declarações na semana passada a acusar a polícia de proteger os manifestantes de esquerda e pró-Palestina.
Humza Yousaf, primeiro-ministro da Escócia, apelou à demissão de Braverman, afirmando que "a extrema-direita foi encorajada pela Ministra do Interior. Ela passou a semana a atiçar as chamas da divisão. Agora estão a atacar a polícia no Dia do Armistício. A posição da Ministra do Interior é insustentável. Ela tem de se demitir", declarou Yousaf, citado pelo Guardian.