A organização do neonazi Mário Machado (Grupo 1143) e outras semelhantes estão a organizar a sua participação na manifestação anti-imigrantes convocada pelo Chega para sábado.
Em mensagens divulgadas em canais no Telegram a que o Esquerda teve acesso, Mário Machado assume a mobilização do Grupo 1143, que terá ponto de encontro no início da manifestação do Chega. Aos cerca de 200 membros da sua organização que espera ter presentes, Machado relembra que “não podem usar símbolos ou roupa do Grupo na manif do Chega”. Mário Machado esteve envolvido no ataque que resultou na morte de Alcindo Monteiro em 1995 e foi diversas vezes condenado a penas efetivas tanto por crimes de ódio como de delito comum.
Nas mensagens do grupo de Telegram, outros militantes escrevem: “o Chega defende muito daquilo que acreditamos!!!” e “apesar de ser uma manif do Chega, não se esqueçam que o tema da mesma é uma das nossas maiores bandeiras”.
Autocarros, comida e bebida tudo de borla
Um dos administradores do grupo pede a quem quiser estar presente que “envie mensagem privada a mim ou ao Mário a manifestar interesse para nos podermos organizar e irmos todos juntos”. Este utilizador sublinha que a participação na manifestação do Chega é importante como preparação para uma manifestação que o grupo neonazi prepara para o dia 5 de outubro, em Guimarães. Outra publicação no canal anuncia: “temos autocarros, comida e bebida, tudo de borla”.
Também no Telegram, outros grupos de extrema-direita têm manifestado interesse em participar na manifestação. É o caso do canal de Afonso Gonçalves, criador de conteúdos de extrema-direita, que sonda o seu público sobre a participação na manifestação do Chega. As respostas foram sobretudo positivas. Também o movimento 'Reconquista' anunciou que marcará presença na manifestação convocada pelo Chega.
O partido de André Ventura, que convocou a manifestação de dia 21 de setembro contra os imigrantes, tem pressionado os dirigentes locais do Chega a mobilizarem os militantes até Lisboa para participarem. A mobilização de grupos de extrema-direita é mais uma tentativa de aumentar a participação no protesto.
Para a tarde de 21 de setembro está também convocada a Marxa Cabral, para o Marquês de Pombal, com o objetivo de comemorar o centenário do nascimento do revolucionário guineense. Mais de 80 personalidades da política e sociedade portuguesa apelaram à participação nesta iniciativa como forma de resposta à manifestação racista da extrema-direita.
Manif
Quando o ódio desfilar na Alameda, o 25 de Abril vai encher a Avenida da Liberdade
Iniciativa do movimento negro em Portugal, a Marxa Cabral - contra o fascismo, a xenofobia e o neocolonialismo - “ganha redobrada importância quando se realiza, na mesma data, a manifestação anti-imigração entretanto convocada pelo partido Chega”. Para os subscritores do apelo, “a extrema-direita é a maior ameaça à segurança do país. No Reino Unido como em tantos lugares, vimos mentira e preconceito a fomentar ódio e violência contra os imigrantes. A estratégia é a habitual: transformar descontentamento em divisão para conseguir ganhos eleitorais; perpetuar desigualdades a favor dos poderosos para obter o apoio destes”.