No segundo dia de greve dos guarda da prisão do Linhó, em Cascais, a adesão foi de 100% em todos os turnos. Os profissionais reivindicam melhores condições de segurança e de trabalho num estabelecimento prisional onde já foram denunciadas as condições insalubres e desumanas dos prisioneiros.
Nos três turnos existentes, a adesão foi total mas foram cumpridos os serviços mínimos decretados, possibilitando que os reclusos tivessem duas horas de pátio e visitas de familiares, segundo avança o presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) à Lusa. A greve poderá prolongar-se até 28 de fevereiro se as reivindicações dos trabalhadores não forem atendidas.
A greve foi convocada para protestar contra a “contínua falta de condições de segurança no Estabelecimento Prisional do Linhó” e a “não resolução de problemas elencados na última reunião” entre os responsáveis do SNCGP, da prisão e da Direção-Geral de Reinserção e dos Serviços Prisionais. Nova reunião estará agendada para esta segunda-feira, com o objetivo de “tentar chegar a um consenso”.
Fuga de Vale dos Judeus
Bloco defende reflexão profunda sobre o sistema prisional em Portugal
O presidente do sindicato, Frederico Morais, denuncia ainda uma tentativa por parte da diretora do Estabelecimento Prisional do Linhó de alterar o regime estabelecido de serviços mínimos, ameaçando inclusivamente com processos disciplinares os guardas.
A prisão do Linhó foi alvo de uma denúncia, em dezembro, sobre a falta de condições dos cerca de 500 reclusos, que ficaram sem água. Na altura, os reclusos apenas tiveram acesso a duas garrafas de litro e meio de água e não tinham acesso a infraestrutura sanitárias, sendo obrigados a “fazer necessidades fisiológicas para sacos de plástico, que depois são atirados para o pátio”, como denunciava na altura António Garcia Pereira, presidente honorário da Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso.
Na altura, o Bloco de Esquerda questionou a ministra da Justiça sobre a situação, que considerou “inaceitável”. No documento, o partido relembrava que as condições desumanas das prisões portuguesas têm valido “de forma consistente condenações do Estado Português pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos”.