Apesar da forte resistência e influência por parte da Igreja, a Grécia tornou-se no primeiro país cristão ortodoxo a aprovar a legalização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. O país tornou-se também no 37.º do mundo e o 17.º país da União Europeia a legalizar a adopção para casais do mesmo sexo.
Dos 300 deputados gregos, 176 votaram a favor, 76 votaram contra e 2 abstiveram-se. Os restantes 46 deputados não estiveram presentes na votação.
Segundo a Lusa, dezenas de pessoas juntaram-se em frente ao Parlamento grego, no centro de Atenas, agitando bandeiras arco-íris para festejar uma das mais importantes conquistas legais para a população LGBTQIA+ neste país, que tem mostrado dificuldade em reconhecer os direitos destas pessoas.
Para as associações LGBTQIA+ e casais com filhos, a Grécia viveu “um momento histórico” com esta votação. Havia poucas dúvidas de que o projeto seria aprovado devido ao apoio de vários partidos de oposição de esquerda.
"Hoje é um dia de alegria porque, a partir de amanhã, mais uma barreira entre nós será removida para criar uma ponte de coexistência num Estado livre com cidadãos livres", declarou o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis.
Desde 2015, a Grécia tem uma união civil, mas esta não oferece as mesmas garantias legais que o casamento civil. O primeiro-ministro insistiu também na necessidade de pôr fim às situações grotescas relativas à paternidade entre pessoas do mesmo sexo.
No relatório anual da ILGA Europa, relativo ao ano de 2022, sobre a situação dos direitos humanos das pessoas LGBTQIA+ na Europa, a Grécia ocupa o 13.º lugar em 49 países analisados.
Nesse relatório são apresentadas várias propostas para a Grécia melhorar a sua situação jurídica e política da população LGBTQIA+, sendo uma delas a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Outra das recomendações é que se inclua “especificamente todos os fundamentos SOGIESC (orientação sexual, identidade de género, expressão de género, características sexuais) na legislação e políticas que proíbem a discriminação na educação e na saúde”, assim como a formalização de políticas em matéria de asilo que contenham menção expressa a todos os fundamentos SOGIESC.