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Glifosato: Monsanto condenada a pagar 289 milhões de dólares
Um tribunal de São Francisco, nos Estados Unidos da América, condenou o gigante agroquímico norte-americano Monsanto a pagar 289 milhões de dólares por não ter informado o público sobre a perigosidade do herbicida Roundup, na origem de um cancro de Dewayne Johnson, um jardineiro estado-unidense.
Dewayne foi a primeira pessoa a levar a Monsanto a tribunal devido ao herbicida Roundup, tendo os jurados determinado que foi esse o produto que causou o seu cancro e que a empresa falhou a avisá-lo do elevado perigo para a saúde associado à exposição ao produto. Consideraram ainda que a Monsanto “agiu com maldade” ao ignorar repetidamente os alertas para o carácter cancerígeno do Roundup.
O jardineiro de 46 anos é vítima de um cancro em fase terminal após ter utilizado o herbicida Roundup durante vários anos. Dewayne Johnson sofre de linfoma de não-Hodgkin, um grupo de cancros no sangue. Segundo os seus médicos, pode ter apenas alguns meses de vida. Os seus advogados argumentaram que o gigante agroquímico tinha “lutado contra a ciência” durante largos anos e que perseguia académicos que falavam a respeito dos possíveis riscos do herbicida.
“Conseguimos finalmente apresentar ao júri os documentos internos da Monsanto que comprovam que esta tinha conhecimento há décadas que (…) o Roundup poderia causar cancro”, afirmou Brent Wisner, advogado de Dewayne Johnson numa declaração escrita. O advogado considera também que o veredicto envia “uma mensagem à Monsanto de que os seus anos de mentiras a respeito do Roundup chegaram ao fim e que devem pôr a segurança dos consumidores à frente dos seus lucros”.
A acusação apresentou em tribunal emails internos da Monsanto que comprovavam que a empresa ignorou de forma repetida os avisos de especialistas em relação à perigosidade da substância, privilegiando avaliações favoráveis e tendo ajudado a escrever projetos de investigação que recomendavam o seu uso continuado.
Este julgamento destacou-se também por ter sido a primeira vez que um juiz permitiu a apresentação de argumentos científicos por parte da acusação. A discussão centrou-se no glifosato, o herbicida mais utilizado em todo o mundo.
O herbicida Roundup está registado em cerca de 130 países. Porém, em 2015, a Organização Mundial de Saúde classificou o glifosato como sendo “provavelmente carcinogénico para humanos”.
Comentários
Por muito que eu me alinhe
Por muito que eu me alinhe com a maioria das ideias do BE, custa-me imenso ver artigos que não têm o mínimo alinhamento com o conhecimento científico atual. O mesmo se aplica a outras áreas mas nesta era do tudo faz cancro talvez esta seja particularmente relevante.
Ao contrário de si, não sou
Ao contrário de si, não sou grande apreciadora das ideias do BE. Mas li este artigo sobre a condenação da Monsanto nos EUA e acho-o equilibrado, tal como a posição da OMS sobre o glifosato, ao alertar para os riscos de cancro de quem o utiliza e que a Monsanto (agora Bayer) tem tentado esconder para fugir às suas responsabilidades. E tenho pena que Portugal não esteja na linha da frente dos países europeus que exigem a sua proibição.
Pois, o meu comentário tinha
Pois, o meu comentário tinha um link associado mas aparentemente o link é considerado SPAM. Anyway, basicamente o glifosato, nas quantidades a que estamos exposto a ele, não é significativamente cancerígeno. Não conseguindo colocar aqui a fonte sugiro uma visita à página scimed.pt onde existem vários artigos sobre o assunto, um deles exatamente neste contexto.
Sabe o que é uma multa de 298
Sabe o que é uma multa de 298 milhões de euros? Porque é que há sempre um comentador a mando da Monsanto?
Começa a ser ridículo este
Começa a ser ridículo este argumento. Não sei se não valeria a pena andar sempre com o CV no "bolso". Começando por mim: nem sei onde fica sediada a Monsanto nem conheço ninguém que lá trabalhe. Ainda para mais, tendo um nome tão fora do comum faz com que, com uma simples pesquisa no Google, encontre logo várias coisas que são necessariamente sobre mim. Poupando-o a esse trabalho aborrecido: sou investigador na faculdade de ciências da universidade de Lisboa e, como pode verificar em todas as minhas publicações científicas, não tenho nem nunca tive qualquer conflito de interesses com nenhuma empresa.
Pondo a hipótese de eu estar a mentir: será possível imaginar que a Monsanto pagou a todos às dezenas de investigadores que, ao longo dos últimos 50 anos, publicaram dezenas de trabalhos sobre este assunto? E que, para além disso, ainda paga ou garante que há pessoas a vir comentar em qualquer canto da internet em que se fala dela? Parece-me de um nível de alucinação um pouco irrealista.
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