Foram centenas os trabalhadores de todo o país que estiveram esta quarta-feira à porta da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, no Porto, para reivindicar aumentos salariais “justos e dignos” e “um maior reconhecimento e valorização” para os trabalhadores das IPSS.
Às palavras de ordem “ganhamos tão mal no setor social”, “sobe a renda e sobe o pão, os salários é que não”, “está na hora dos aumentos cá para fora” e “tanta hora a trabalhar para nada ganhar”, juntavam-se faixas onde pontuava a exigência de dignidade. No trabalho e nos salários.
"Estas instituições recebem dinheiro do Estado para cuidar das pessoas. Por isso achamos que estes trabalhadores devem receber como os trabalhadores do Estado que fazem o mesmo trabalho", afirmou à SIC Pedro Faria, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Solidariedade e Segurança Social.
À Lusa, Ana Rodrigues, coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços informou que a adesão à greve que completava a jornada de luta estava na ordem dos 80%, com vários lares de terceira idade e serviços de apoio à infância a funcionar só com os serviços mínimos.
A dirigente sindical explicou que os trabalhadores precisam de um aumento de 75 euros enquanto que a proposta patronal é de 55 euros, verba que não chega para colmatar a diminuição do poder de compra de que têm vindo a ser alvo.
Os trabalhadores exigem ainda um aumento das diuturnidades e do subsídio de refeição e o horário máximo de 35 horas de trabalho semanais para todos.
A agência noticiosa nacional recolheu no protesto ainda mais dois testemunhos, ilustrativos das condições que os trabalhadores enfrentam. Branca Silva, trabalhadora da Misericórdia de Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, quer “mais respeito e melhores condições de trabalho porque trabalhar no setor social é duro”. Por sua vez, Paula Sequeira, que trabalha no Centro Social de São Lázaro, em Braga, explicou que os 600 que ganha é uma verba “manifestamente insuficiente” para todas as despesas que tem, notando: “faço o meu trabalho com muito amor, mas é um trabalho duro e, por isso, acho que devemos ser recompensados”.
“O grito das trabalhadoras tem de continuar a soar até que as coisas mudem”
Presente no protesto esteve também José Soeiro. O dirigente bloquista foi levar a solidariedade do partido, a trabalhadoras que diz que “são essenciais” e sem as quais “a rede de respostas sociais colapsaria”.
Apesar da sua importância, escreveu nas suas redes sociais, “a esmagadora maioria não ganha mais que o salário mínimo”, a sua “tabela salarial está bloqueada” e “as instituições dizem que não pagam mais porque teria de ser o Estado a aumentar as comparticipações”. Salientando portanto a contradição de um setor que acode às necessidades sociais e ajuda a combater a pobreza e que “assenta em trabalho tão desvalorizado socialmente e em salários que empobrecem quem trabalha”.
Soeiro conclui que é preciso que “o grito de hoje das trabalhadoras do setor social tem de chegar à CNIS e ao Governo. E continuar a soar até que as coisas mudem”.