As manifestações desta terça-feira em França juntaram 900 mil pessoas, segundo a CGT, com o Ministério do Interior a baixar essa fasquia para as 280 mil. Uma participação inferior às 13 anteriores jornadas de luta realizadas nos últimos seis meses para travar a reforma das pensões, que juntaram todas acima de um milhão de pessoas nas contas sindicais. Mas as mais de 250 concentrações e manifestações por todo o país conseguiram manter viva a chama desta luta que na quinta-feira vai passar por mais uma batalha dentro do Parlamento.
A proposta do grupo de deputados independentes LIOT pretende eliminar o aumento da idade da reforma, fazendo-a regressar aos 62 anos. Tem o apoio dos partidos da oposição, mas a frágil maioria macronista promete recorrer a todos os expedientes para evitar que possa ser discutida e votada. O novo braço de ferro parlamentar pode mesmo resultar na apresentação de uma nova moção de censura ao Governo.
No dia da manifestação ficou também visível que o discurso das lideranças sindicais já não está tão afinado com antes. O líder demissionário da CFDT, Laurent Berger, afirmou aos jornalistas que "o jogo [da reforma das pensões] está prestes a terminar", após a promulgação da lei. Mas a líder da CGT, Sophie Binet, promete que "a mobilização não vai parar" enquanto o Governo continuar sem dar resposta às exigências dos trabalhadores. Também o líder da França Insumbissa, Jean-Luc Mélenchon, afirmou que "o jogo não está decidido", pois este movimento deixará "uma marca indelével no espírito dos franceses". "Raramente vimos um movimento social desta dimensão, o mais importante do último meio século", prosseguiu Mélenchon, concluindo que "a luta continuará, não sei é de que forma pois isso quem a conduz são os sindicatos"
As manifestações foram marcadas pela forte presença da juventude e o o dia de luta foi também de greve nos serviços públicos, alguns cortes de eletricidade e uma "invasão" à sede do comité organizador dos Jogos Olímpicos de Paris no próximo ano. A menor mobilização correspondeu também à redução do número de confrontos entre polícia e manifestantes.