O presidente da Câmara do Porto confirmou esta sexta-feira aos jornalistas que o partido Ergue-te (antigo PNR) vai realizar este sábado de manhã uma manifestação na freguesia do Bonfim relacionada com “questões de segurança” na zona. Confrontado com as críticas por não ter impedido a manifestação neonazi que antecedeu os violentos ataques a imigrantes com motivações racistas no mesmo local, o autarca do Porto disse ser incapaz de o fazer.
Rui Moreira argumentou com a opinião pedida ao procurador-geral distrital, que lhe terá respondido que “a lei só permitiria inviabilizar uma manifestação perante ocorrências que ponham em causa garantias fundamentais de segurança de pessoas ou de propriedade privada e sempre com fundamento numa avaliação de uma força de segurança“. Ou seja, os mesmos fundamentos que levaram o homólogo lisboeta a proibir a realização de uma manifestação do mesmo grupo junto ao bairro da Mouraria, em Lisboa.
O autarca acusou ainda o Bloco de Esquerda de “demagogia” por defender que ele podia de facto ter proibido a manifestação xenófoba na freguesia do Bonfim, onde dias depois vários imigrantes foram agredidos.
Para responder a estas acusações, o deputado bloquista José Soeiro reafirmou que “a realização desta manifestação é perigo para a segurança dos moradores do Bonfim, particularmente dos moradores do Bonfim que já foram agredidos na semana passada, para outros que possam a ser identificados por estes manifestantes neonazis, como sendo moradores do Bonfim e estrangeiros. Para o Bloco de Esquerda, não é normal que se permita a celebração de crime no local onde esse crime aconteceu e que se permita uma manifestação que apela à xenofobia depois de ter havido crimes causados por essa mesma xenofobia”.
Sobre a manifestação ocorrida antes dos ataques racistas, José Soeiro insiste que não deveria ter sido autorizada e que “não é verdade que Rui Moreira não tenha capacidade para atuar”, pois a lei permite-o e “não fazer nada é uma escolha política, não é uma inibição legal”.
Comentando os argumentos que Rui Moreira diz ter ouvido do procurador-geral distrital, José Soeiro lembrou que “o Presidente da Câmara tem a obrigação de comunicar com a PSP. E do nosso ponto de vista, teria a obrigação de comunicar à PSP, se tivesse essa preocupação, a preocupação da insegurança que esta manifestação causa e representa para os moradores daquela área”.
Ao associarem criminalidade e imigração, prosseguiu Soeiro, “Rui Moreira e André Ventura estão a alimentar esta fogueira que transforma vítimas dos crimes, como os que aconteceram na semana passada no Porto, em suspeitos e em eventuais culpados. E nós entendemos que é muito grave aquilo que está a acontecer”.