Tanto Francisco Nogueira Leite, como Pedro Passos Coelho e Francisco Banha passaram pela gestão da Tecnoforma, a empresa que beneficiou de uma grande parte das verbas de formação distribuídas por Miguel Relvas no governo de Durão Barroso e Paulo Portas.
Se Pedro Passos Coelho chegou à liderança do executivo em 2011, Francisco Nogueira Leite, que acompanha o primeiro ministro desde os tempos da JSD, foi nomeado pela ministra das Finanças, em julho de 2012, presidente da Parvalorem, contando com um salário de 5822 euros/mês.
O presidente da empresa que concentra o crédito malparado do antigo BPN contratou, entretanto, a empresa de contabilidade e assessoria de Francisco Banha - que já tinha gerido a contabilidade da Tecnoforma - para “lidar com questões muito específicas”. Em causa está uma avença de 2500 euros por mês, renovada a cada dois meses, não tendo havido lugar a qualquer concurso público.
Segundo sublinha o jornal Público, não é a primeira vez que uma empresa encabeçada por Francisco Nogueira Leite contrata os serviços de Francisco Banha, que também prestou “consultoria” na Ecosaúde e na Fernave.
A ligação de Passos Coelho e Francisco Banha também não se esgotou aquando da saída do atual primeiro-ministro da Tecnoforma.
Conforme avança o jornal Público, o dono da Gesbanha, entre outras empresas, chegou a ser presença assídua na sede da Fomentinveste, a holding que empregou Pedro Passos Coelho desde 2004 e até pouco antes de o mesmo se candidatar a primeiro-ministro.
A sede do grupo liderado por Ângelo Correia, no qual Passos foi administrador de várias empresas, e a Associação Portuguesa de Capital de Risco e de Desenvolvimento, de que Francisco Banha é um dos principais dinamizadores e actual presidente do conselho fiscal, partilharam, até 2011, o 10.º piso da Torre 3 da Rua Tierno Galvan, nas Amoreiras, em Lisboa.
Em 2012, numa entrevista ao mesmo jornal, Passos Coelho definiu Francisco Banha como alguém “com muita experiência nas relações com o Estado”.
Francisco Banha tem estreita relação com devedores do BPN
Francisco Banha fundou os “business angels”, um clube de investidores que apostam em novas empresas que precisam de capital. Entre os “membros de referência” desse clube contam-se Arlindo de Carvalho, ex-ministro do PSD, e um dos seus sócios no Grupo Pousa Flores, José António Neto, que devem 65 milhões à Parvalorem.
O secretário da assembleia-geral dos “business angels” é João Luís Gonçalves, que foi secretário-geral da JSD quando Passos presidiu àquela juventude partidária. Também Sérgio Porfírio, atual sócio da Tecnoforma, faz parte deste clube, bem como Paulo Caetano, ex-colega do primeiro-ministro na administração da Fomentinveste e que foi nomeado pelo actual Governo administrador-delegado da ADP Energias, do grupo Águas de Portugal.
Parvalorem avança com despedimento coletivo
Ao mesmo tempo que despende 2500 mensais para pagar ao parceiro de Passos Coelho e Francisco Nogueira Leite na gestão da Tecnoforma, a administração da empresa criada para absorver os créditos ‘tóxicos’ do BPN anunciou o despedimento colectivo de 49 trabalhadores, incluindo dois membros da Comissão de Trabalhadores, um delegado sindical e uma representante sindical.
Tal acontece quando ainda se discute em tribunal se a empresa é, de facto, a legítima entidade patronal destes trabalhadores.
A deputada bloquista Mariana Mortágua enviou, entretanto, um conjunto de questões ao ministro das Finanças, exigindo uma "resposta imediata do Governo porque o Estado não pode ser o mais cruel dos patrões, que se permite ir contra a lei e contra qualquer direito dos trabalhadores".