Extrema-direita

Estudo mostra que notícias falsas estão no DNA da extrema‑direita

13 de fevereiro 2025 - 10:16

Uma investigação de cientistas neerlandeses que analisou milhões de tweets de deputados de todas as áreas políticas ao longo de cinco anos revela que a pertença à extrema‑direita é “o determinante mais forte para a propensão a espalhar desinformação”.

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Cimeira da extrema-direita europeia em Madrid.
Cimeira da extrema-direita europeia em Madrid. Foto de Sergio Perez/EPA/Lusa.

O estudo “Quando os partidos mentem? Desinformação e populismo da direita radical em 26 países”, publicado na revista científica The International Journal of Press/Politics, revela que extrema-direita é significativamente muito mais propensa a disseminar notícias falsas nas redes sociais do que qualquer outro campo político.

Os cientistas neerlandeses dedicaram-se ao estudo das publicações feitas entre 2017 e 2022 na rede social X por todos os parlamentares de 26 países. Nestes se incluem 17 membros da União Europeia, mas não Portugal, para além de países como os EUA, o Reino Unido e a Austrália. Um total de 8.198 deputados ou equivalentes e 32 milhões de publicações. As ligações a páginas partilhadas pelos deputados, cerca de 18 milhões, foram depois comparadas com as páginas utilizadas por serviços de “fact-checking”, a verificação de factos, e de monitorização de notícias falsas, analisando a fiabilidade das fontes. Os dados mostram que a extrema-direita é “o determinante mais forte para a propensão a espalhar desinformação”, sendo que deputados dos outros campos políticos, da direita até à esquerda mais radical “não estão ligados” a esta prática.

A conclusão, portanto, é que “a desinformação política deve ser entendida como parte integrante da atual onda de populismo radical de direita e da sua oposição à instituição democrática liberal”.

Afastada fica a teoria de que a desinformação era parte de uma prática política “anti-elitista” identificada como “populismo” já que partidos e parlamentares de esquerda que tinham sido como tal identificados não se dedicam à disseminação de mentiras

Outra das ideias que se podem retirar da investigação é a “relação simbótica” entre extrema-direita e uma constelação de meios de comunicação social ditos “alternativos” que têm servido precisamente para fortalecer este tipo de mensagens ideológicas baseadas na exclusão e na hostilidade para com as instituições democráticas.

Um dos co-autores do estudo, Petter Törnberg, da Universidade de Amesterdão, sintetiza que “os populistas da direita radical estão a utilizar a desinformação como ferramenta para desestabilizar as democracias e ganhar vantagem política”. Ele defende que é “urgente que decisores políticos, investigadores e público compreendam e lidam com as dinâmicas interligadas da desinformação e do populismo de direita radical”.