O excesso de turistas em Sintra tem causado fricções entre os moradores e comerciantes e a Câmara Municipal. Os habitantes queixam-se do turismo desenfreado que acaba por causar o caos na vila a nível da mobilidade.
A Lusa avança que a QSintra, uma associação daquele município, organizou uma protesto em articulação com os moradores e comerciantes da histórica vila no distrito de Lisboa. Os participantes têm afixado nas janelas das suas habitações e espaços comerciais mensagens como “a lotação está esgotada” ou “Sintra não é a Disneylândia”. A manifestação visual tem como objetivo mobilizar a Câmara Municipal de Sintra a implementar medidas que estimulem um turismo “sustentável” e restrinjam o turismo descontrolado.
O objetivo da associação é que “toda esta expressão de protesto e preocupação” possa ter algum reflexo nas políticas da Câmara Municipal. “O que também tentamos fazer é alertar todas as entidades que são responsáveis, de qualquer maneira, pela gestão deste território, para a situação que aqui se vive”, explicou à Lusa Madalena Martins, moradora da vila e dirigente da QSintra.
Turismo
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No ano passado, os postos de turismo de Sintra atenderam mais de meio milhão de pessoas. Mas a Câmara de Sintra insiste que tem procurado adotar medidas que equilibrem os benefícios do turismo e o impacto que tem na vila. A dirigente da QSintra aponta, no entanto, para um relatório do ICOMOS, uma ONG associada à UNESCO, que considera que Sintra tem “património em risco”.
“Acreditamos que, se viesse cá uma missão da UNESCO, com certeza que encontraria muitas, muitas razões para, pelo menos, alertar as autoridades e ameaçar com a desclassificação”, afirmou.
Entre os problemas do turismo excessivo apontados pelos residentes estão os acessos e a mobilidade dificultada devido à quantidade de carros estacionados e de TVDE e tuk-tuks em movimento pelas ruas, mas também a descaraterização da vila e o seu progressivo despovoamento.
“É evidente que o turismo é muito importante para Sintra. Ninguém pode negar isso. Agora, tem de ser um turismo que seja um fator de desenvolvimento e que seja benéfico para o sítio, enquanto património vivo e habitado, e não um turismo que, pelo excesso e pelo descontrolo, acabe por destruir aquilo que quer explorar”, diz Margarida, para quem o excesso de turismo não só tem um impacto nos habitantes do município, mas também nos visitantes. “A descaracterização, a prazo, também leva à desvalorização dos sítios enquanto destinos turísticos de qualidade”, conclui. “Só não vê quem não quer”.
ESta terça-feira, a Câmara de Sintra anunciou ao portal Eco que a partir de setembro irá reduzir a metade o número máximo de turistas diários na Quinta da Regaleira, um monumento que chega a receber nove mil turistas por dia, depois de no início de 2024 ter feito o mesmo ao número de visitantes do Palácio Nacional da Pena, que chegou a registar 12 mil visitantes diáris.