Está aqui

Em nove anos, Vistos Gold só criaram 241 postos de trabalho

Desde 2012, apenas 20 Vistos Gold foram atribuídos por criação de postos de trabalho. Contrastam com os 9.514 devidos à compra de imóveis, apenas 10% dos quais destinados no papel à “reabilitação urbana”.
Vistos Gold.
Vistos Gold.

Sempre que se questionava a transparência do “programa de Autorização de Residência para Atividade de Investimento”, os chamados Vistos Gold, lá vinha a resposta pronta que como ele eram criados novos empregos. Só que o saldo do programa lançado em outubro de 2012 não é brilhante neste aspeto. Este sábado a Lusa dá conta que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras lhe respondeu que, em nove anos, apenas foram criados 241 postos de trabalho.

Os números agora revelados não deixam margem de dúvidas sobre para que serve o programa. Se apenas foram criados 241 postos de trabalho, fica-se a saber que foram emitidos 10.170 autorizações de residência neste âmbito. A esmagadora maioria, 9.514, foram devidas à compra de imóveis, e, destes, apenas 974 se destinavam a “reabilitação urbana”. A seguir vêm os vistos por “transferência de capital”, sendo 636, e, a grande distância, os vistos por “criação de postos de trabalho”: foram meramente 20. Deste conjunto de vistos resultaram ainda mais 17.014 autorizações de residência por reagrupamento familiar.

Fazendo às contas em termos de dinheiro, circularam 6.057.663.503,19 euros por causa dos Vistos Gold, 5.471.573.948,60 destes para compra de bens imóveis. A compra para “reabilitação urbana” foi apenas de 350.507.722,90 euros.

Sobre a estabilidade e condições dos empregos criados nada é informado. Mas ficamos a saber que Lisboa foi a zona do país que teve mais empregos criados, 86. A Lusa detalha essa informação por zona, país de origem do investimento e área de emprego. Em Lisboa, investimento ucraniano criou 11 postos de trabalho em consultoria e programação informática, argelino criou 10 no “comércio, importação/exportação, prestação de serviços”, iraquiano criou igual número para “conceber e ministrar cursos de formação profissional”, sírio criou 11 empregos de “apoio à educação e outras atividades educativas”, o brasileiro 32, 10 na construção civil, 22 no comércio a retalho de relógios e artigos de ourivesaria e joalharia, o marroquino 12 postos de trabalho na “distribuição de produtos de telecomunicações, desenvolvimento e investigação de soluções tecnológicas e numéricas”.

Em Cascais estabeleceu-se um projeto norte-americano de “atividades de consultoria em informática” que criou 10 postos de trabalho.

Para o Fundão foram dois projetos libaneses que criaram 16 empregos, “na área do transporte ocasional de passageiros em veículos ligeiros, organização de atividades de animação turística e outros transportes terrestres de passageiros diversos”. Também dois investimentos chegaram a Águeda. De origem argelina, criaram 20 empregos no setor da “concessão de máquinas, aparelhos e instalações industriais”.

Em Setúbal houve um total de 36 empregos de Vistos Gold: um projeto mexicano criou 10 empregos de “prestação de serviços agrícolas”, um turco 15 de “montagem de estruturas metálicas, metalomecânica e eletricidade” e um russo 11 na hotelaria e restauração.

Houve ainda criação de emprego por investimento filipino em Paredes, 33 na área da indústria têxtil, canadiano, em Portimão, 20 na área da informática, sudanês, em Viana do Castelo, com 10 empregos em “serviços”, também 10 no Porto, de origem israelita, na “comercialização a retalho de equipamentos de telecomunicações em estabelecimentos para o efeito”.

Termos relacionados Vistos gold, Sociedade
(...)