Na Faixa de Gaza, o genocídio continua. As forças armadas israelitas lançam avisos de evacuação para 88% do território e só este domingo mataram pelo menos 115 pessoas, 92 delas enquanto tentavam chegar ao auxílio alimentar na passagem de Zikim, a norte, e nos pontos designados para recolha de assistência humanitária em Rafah e Khan Younis no sul.
Desde a madrugada de segunda-feira até ao momento em que esta notícia foi redigida, pelo menos mais 27 palestinianos foram assassinados por Israel. Quatro enquanto buscavam auxílio alimentar.
A Al-Jazeera recolheu os testemunhos de sobreviventes do massacre em Zikim. Rizeq Betaar explica que “não há ambulâncias, não há comida, não há vida, já não há forma de viver. Mal nos conseguimos manter”. Este palestiniano levou na sua bicicleta um jovem ferido até ao hospital. Um ato de solidariedade semelhante fez Osama Marouf que também utilizou a bicicleta para transportar um idoso que “apenas tinha ido buscar alguma farinha”.
O exército israelita reconhece o ataque aos civis mas afirma que apenas disparou “tiros de avisos para remover uma ameaça imediata às tropas”. Nenhuma prova de ameaça foi providenciada nem os testemunhos das vítimas o corroboram.
A versão israelita também é negada pela declaração do Programa Alimentar Mundial da ONU em que se afirma que as vítimas estava “a tentar aceder a comida para se alimentarem a si e às suas famílias que estão à beira da fome”. De acordo com a instituição das Nações Unidas “pouco depois” de um comboio de 25 camiões ter passado o último checkpoint encontrou “multidões enormes de civis esperando ansiosamente para aceder desesperadamente” aos alimentos. “Enquanto o comboio se aproximava, a multidão ficou sob fogo de tanques israelitas, snipers e outros atiradores”.
O exército sionista, diz o Programa Alimentar, tinha garantido que as forças armadas não estariam presentes nas distribuições de ajuda alimentar.
Ao mesmo tempo, lança um apelo “apenas um aumento massivo da distribuição de ajuda alimentar pode estabilizar a situação que está em espiral, acalmar as ansiedades e reconstruir esperança dentro das comunidades de que mais comida chegará”.
Na sua declaração pode ler-se “a crise de fome em Gaza atingiu novos níveis de desespero. As pessoas estão a morrer de falta de assistência humanitária. A mal-nutrição atinge 90.000 mulheres e crianças que necessitam urgentemente de tratamento. Perto de uma pessoa em cada três não está a comer nada durante dias”.
Os números de mortes de fome dão conta desta situação. Também este domingo, de acordo com as autoridades de Saúde de Gaza morreram de fome 19 pessoas. Um seu porta-voz descreve que há mais “centenas” em “risco de morte iminente devido à fome” e que 60.000 crianças têm sinais graves de sub-nutrição.