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Doclisboa denuncia pressão de embaixadas e recusa censura

De acordo com a missiva, em causa está, em particular, um filme da Competição Internacional e textos relativos ao foco Navegar o Eufrates - Viajar no Tempo do Mundo.
O Doclisboa foi criado pela Apordoc - Associação Pelo Documentário, com o objetivo de “promover e divulgar a cultura do cinema documental, na sua liberdade, diversidade e força testemunhal. É neste espírito que a actual equipa do festival trabalha, honrando-o”.
A Apordoc refere não ter “memória de tal ter acontecido antes”, e assinala que estamos perante “um sinal preocupante”.
“Assim, vemos com extrema preocupação estas pressões, vindas (oficial e oficiosamente) de representantes internacionais aqui em Portugal”, lê-se na missiva publicada na página de facebook do DocLisboa, na qual se assinala que este episódio revela que “existe já a convicção de que um festival de cinema (ou, depreendemos nós, qualquer outro projecto cultural e artístico) está aberto a reposicionar o seu discurso ou a reconsiderar o seu programa devido a interesses políticos e geo-políticos externos”.
O Doclisboa é um território de discussão e não de censura
No comunicado é deixada uma mensagem bem clara: “o Doclisboa é inteiramente livre, autónomo na sua programação, e esta equipa continuará a lutar para que assim seja. Apenas temos como parceiros entidades que respeitam os valores que também defendemos, e que são os valores da democracia, da livre expressão, e da justiça”.
Referindo que o trabalho do festival “não é neutro”, a equipa do DocLisboa sublinha que, “embora estes acontecimentos nos preocupem e entristeçam, são também sinal de que estamos a trabalhar coerentemente com aquilo que defendemos”.
O Doclisboa convida “todas as embaixadas em Portugal, bem como todas as instituições governamentais ou não a, caso tenham críticas ou questões com a nossa programação ou com as nossas publicações, compareçam aos debates públicos que fazemos sobre os filmes durante o festival e ao longo do ano, e exerçam, junto do público, o seu direito à indignação, à crítica, ao diálogo”.
“Apenas assim a nossa programação pode gerar debates produtivos e abertos. Caso não estejam dispostos a tal, abstenham-se de tomar quaisquer diligências para condicionar o festival, já que tal será infrutífero”, acrescenta a equipa que promove o festival, que frisa que lutará “sempre para que em Portugal a criação artística seja sempre livre”.
“Os realizadores, produtores, colegas e espectadores são os nossos companheiros e merecem o nosso respeito e integridade. O Doclisboa é um território de discussão e não de censura”, remata.
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