A reportagem “Quando o ódio veste farda”, publicada por um consórcio de jornalistas do site Setenta e Quatro e outros órgãos de comunicação em novembro de 2022, expôs 591 agentes (296 da PSP e 295 da GNR) que publicavam mensagens “contrárias ao Estado de Direito, apelos à violência e à violação de mulheres, comentários racistas, xenófobos, misóginos e homofóbicos, simpatia pelo Chega e por outros movimentos de extrema-direita e saudosismo salazarista”.
O Diário de Notícias revela esta quarta-feira que foram apenas 13 os processos disciplinares instaurados pela IGAI mais de um ano após aquela reportagem, resultando em oito condenações, com a pena mais grave, de suspensão efetiva por 120 dias, aplicada a um agente principal da PSP por partilhar conteúdos apologistas da supremacia branca e contra a “substituição” dos povos europeus por “pretos e mulatos”.
Os restantes castigos vão desde repreensões a suspensões do serviço elas próprias suspensas por dois anos. Cinco agentes escaparam às sanções graças à amnistia papal de 2023.
Há pouco mais de dois meses, na apresentação do Plano de Prevenção de Manifestações de Discriminação nas Forças de Segurança, a ministra da Administração Interna tinha assegurado que “o Governo tem tolerância zero” com o discurso de ódio entre as forças de segurança. Segundo o Diário de Notícias, Margarida Blasco terá mesmo agravado algumas das penas a estes agentes, sem no entanto os afastar definitivamente de funções.