Foram divulgados os resultados do V Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas na População Geral 2022, promovido pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), que retrata a mais recente informação sobre o uso de substâncias ilícitas, lícitas, jogo e ecrã.
Segundo os dados citados pela agência Lusa, as bebidas alcoólicas continuam no topo das preferências da população portuguesa, com uma prevalência ao longo da vida de 75,8%, uma queda em relação a 2017 (86.4%) e mais próxima dos valores registados entre 2001 e 2012. Mas a tendência é de subida quando se olha para a prevalência nos últimos 30 dias, ou seja, o consumo atual: em 2017 era de 49,1% e no ano passado foi de 56,4%. Ainda assim abaixo dos 60% registados de 2001 a 2007.
Segue-se o consumo de tabaco, com um aumento ligeiro na prevalência dos últimos 30 dias, de 30,6% em 2017 para 31,9% em 2022. Aqui é de destacar o aumento no consumo dos homens, de 36,5% para 40,8%, pois no caso das mulheres ele baixou de 25% para 23,4% no mesmo período. No que diz respeito ao consumo ao longo da vida, 50% da população diz que experimentou pelo menos uma vez fumar tabaco. No caso dos jovens adultos, o consumo recente "baixou de 37,4% para 27,8%, sendo que no caso dos homens a descida é de 39,6% para 35,8% e no caso das mulheres de 35,3% para 19,6%”, refere o inquérito que teve uma amostra de 12 mil inquiridos.
O consumo de sedativos, a terceira substância psicoativa em número de consumidores em Portugal, teve no ano passado uma prevalência de 13%, um pouco acima dos 12,1% registados em 2017. Ao contrário do álcool e do tabaco, o consumo de sedativos é maior entre as mulheres (16,9%) do que nos homens (9%). No caso dos jovens adultos, a prevalência caiu para os 2%, essencialmente graças à redução dos consumos femininos.
Canábis destaca-se entre as substâncias ilícitas mais consumidas, heroína não registou consumos nos jovens adultos
No capítulo das substâncias ilícitas, Portugal mantém-se no grupo de países europeus com taxas de consumo mais baixas. Apesar dessa estabilidade, a taxa da prevalência ao longo da vida aumentou cinco pontos percentuais nos últimos 20 anos, sendo no ano passado de 12,8%. Trata-se de um fenómeno estatístico natural, pois “mesmo quando os hábitos de consumo se mantêm estáveis, a prevalência tende a aumentar pelo facto de, a cada aplicação [do inquérito], retirarmos da amostra um grupo etário que não tinha nenhuma relação com substâncias ilícitas – os mais velhos – e o substituirmos por um grupo, os mais jovens, que a passa a ter”.
Nas prevalências do consumo dos últimos 12 meses, no caso da canábis Portugal ocupa a 24ª posição entre 30 países, com 2,8%, longe dos 11% da França ou da Chéquia; na cocaína os 0,2% de prevalência do consumo dos portugueses é metade da média europeia e coloca-os na 26ª posição, enquanto nas anfetaminas, no ecstasy e no LSD a diferença é ainda maior, colocando Portugal no fundo da tabela com prevalências iguais ou inferiores a 0,1% da população.
A heroína viu a prevalência de consumo ao longo da vida baixar para 0,4% e no caso dos jovens entre os 15 e os 34 anos no ano passado não foi declarado nenhum consumo nos últimos 30 dias.
O vício que ganha popularidade entre os portugueses é o do jogo a dinheiro, com mais de 55% dos inquiridos a admitir esse consumo. Trata-se de um aumento face a 2017 mas inferior aos 65,7% registados em 2012. A prevalência é mais baixa entre a população até aos 34 anos de idade (41,6%), um cenário que muda quando se aborda a dependência de jogos eletrónicos, particularmente prevalente na faixa etária entre os 15 aos 24 anos (19,8%) e em especial na população jovem masculina (30%).