Lucros

China já recuperou em dividendos quase tudo o que pagou pela EDP

06 de maio 2025 - 19:44

O maior acionista da EDP pagou em 2012 quase 2.700 milhões pela fatia de controlo da empresa. Desde então já recebeu 2.527 milhões só em dividendos e viu as suas ações quase duplicarem o valor.

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Cerimónia da assinatura do contrato da venda de 21,3% da EDP à China Three Gorges em dezembro de 2021.
Cerimónia da assinatura do contrato da venda de 21,3% da EDP à China Three Gorges em dezembro de 2021. Foto de Mário Cruz/Lusa

A EDP vai distribuir aos acionistas 60% dos seus lucros, num total de quase 837 milhões de euros. Com cada acionista a receber 20 cêntimos por ação, a maior fatia, de 167 milhões, seguirá para a conta da empresa estatal chinesa China Three Gorges, que hoje detém pouco mas de 20% do capital da elétrica portuguesa.

Segundo as contas feitas pelo Jornal de Negócios, desde que adquiriu a fatia de controlo da EDP ao Estado durante o governo PSD/CDS em 2012, a empresa do Estado chinês já recuperou quase 90% do investimento feito só através dos dividendos que desde então recebeu.

De fora destas contas está a valorização bolsista da empresa, com as ações que então valiam cerca de dois euros a negociarem hoje em dia à volta dos 3,50 euros.

Ao todo, só em dividendos a China Three Gorges embolsou 2.527 milhões de euros desde a privatização, quando o valor investido - já tendo em conta as vendas e compras de ações feitas entretanto - ascende a 2.828 milhões de euros.

Maiores empresas distribuem mais de três mil milhões em dividendos

Nas contas feitas pelo Jornal de Negócios ao total de dividendos deste ano das maiores empresas portuguesas que terão a China como destino, o cálculo ascende a 300 milhões de euros. Além dos 167 milhões da maior acionista da EDP, também as empresas chinesas detentoras de capital na REN, BCP e Mota-Engil ficarão com esta remuneração das suas ações.

A distribuição de lucros aos acionistas por parte das 17 cotadas na bolsa de Lisboa que já o anunciaram já soma mais de 3.000 milhões de euros. Deste dinheiro em dividendos, tendo em conta apenas as participações qualificadas que permitem identificar os respetivos acionistas, pelo menos 39% irá para fora do país, o que representa uma subida de 7 pontos percentuais do que em 2024.

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A fatia dos dividendos para acionistas em Portugal, avaliada em pouco mais de 700 milhões de euros, cai três pontos percentuais face ao ano anterior e será de pelo menos 26%. Boa parte deste dinheiro ficará nas mãos do punhado de famílias que controlam grandes empresas: Soares dos Santos na Jerónimo Martins, Amorim na Galp e na corticeira Amorim, Azevedo na Sonae, Queiroz Pereira na Semapa e Champalimaud nos CTT.

Termos relacionados: Sociedade EDP privatização