Esta quinta-feira de manhã, uma delegação do Chega entrou nas instalações da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, onde tem decorrido uma ocupação por parte dos estudantes no âmbito da greve climática estudantil, marcada pela chamada da polícia por parte da direção daquela faculdade para impedir a ocupação de prosseguir durante a noite. Na segunda-feira à noite, seis estudantes foram retirados pela PSP da faculdade e passaram a noite na esquadra.
Estudantes da FCSH à entrada da faculdade após expulsarem os provocadores da extrema-direita negacionista. Foto Greve Climática Estudantil/Telegram
Os militantes do Chega, incluindo a sua deputada Rita Matias, tentaram distribuir propaganda negacionista acerca do que chamam "a suposta crise climática", acusando os estudantes de espalharem mentiras para impor restrições à propriedade privada, por entre elogios à atuação policial para travar a ocupação. Mas viram-se de imediato rodeados pelos estudantes ali presentes, com palavras de ordem como "Fascistas, racistas, chegou a vossa hora. As ativistas ficam e vocês vão embora".
Mais uma vez a polícia foi chamada ao interior da faculdade, mas desta vez pela deputada do Chega e para proteger os provocadores da extrema-direita. Ao mesmo tempo, muitos estudantes que saíam das aulas juntaram-se ao protesto para exigir a saída dos fascistas negacionistas do espaço da faculdade. O braço de ferro terminou com a vitória dos estudantes e a saída dos elementos do Chega sob proteção policial.
Hoje os estudantes venceram! As faculdades, as escolas e politécnicos são nossas. Nem polícia, nem fascistas. A FCSH e todas as outras são espaço democrático estudantil e não palcos de violência e fascismo.
25 de abril, sempre
Fascismo, nunca mais pic.twitter.com/l3EQrAELGj— Iara Sobral (@iaradsobral) November 16, 2023
Os ativistas pela justiça climática denunciaram também a atitude da direção da faculdade por chamar a polícia para impedir protestos pacíficos mas nada fazer para tirar das suas instalações os provocadores da extrema-direita alheios àquele espaço.
"Valores de Abril, só na fachada!", entoaram os estudantes, referindo-se ao mural com a imagem de Salgueiro Maia que a faculdade promove como imagem de marca para quem passa na Avenida de Berna e que contrasta com a recorrente chamada de intervenções policiais dentro do espaço da faculdade, uma prática a que o 25 de Abril pôs fim mas que foi recuperada há poucos anos nesta e noutras instituições de ensino portuguesas. O Bloco de Esquerda questionou o Governo acerca do regresso desta prática anti-democrática às universidades portuguesas.