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Polícia prende estudantes durante palestra na faculdade

Duas estudantes que davam uma palestra integrada na greve climática estudantil na Faculdade de Psicologia e outra que assistia ao evento foram detidas pela PSP.
Agentes da PSP detêm estudantes na Faculdade de Psicologia da UL
Agentes da PSP detêm estudantes na Faculdade de Psicologia da UL. Foto Greve Climática Estudantil/Telegram

A palestra no interior das instalações da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa juntava dezenas de pessoas na tarde desta quarta-feira e o tema era a desobediência civil. Mas foi interrompida pela entrada de dezenas de agentes da PSP, que detiveram as duas estudantes que intervinham na sessão e outra que estava na assistência. Os agentes imobilizaram-nas no local e levaram-nas para a esquadra, perante os protestos dos estudantes presentes, que entoaram a palavra de ordem “Que vergonha deve ser, deter estudantes num mundo a arder!” O protesto continuou na forma de vigília em frente à esquadra do Campo Grande.

“Nesta semana está-se a normalizar uma repressão da luta estudantil de uma dimensão que não se via há décadas. Como é possível estudantes que apenas estão a tentar lutar pelo seu futuro serem detidas?”, diz André Matias, porta-voz do núcleo pelo fim ao fóssil da FPUL. “Este é um precedente assustador no que toca à repressão da liberdade de expressão e direito à manifestação”, acrescenta o estudante no comunicado divulgado pela Greve Climática Estudantil.

Esta é a segunda vez esta semana que se registam detenções policiais em espaços universitários. Na noite de segunda-feira, a direção da FCSH chamou a PSP para deter seis estudantes que pretendiam pernoitar nas instalações da faculdade no âmbito da mesma greve iniciada nesse dia.

O Bloco de Esquerda questionou o Governo na terça-feira, criticando a forma cada vez mais recorrente como as direções escolares solicitam a intervenção policial dentro dos seus espaços.

"Os recintos das universidades e politécnicos são historicamente considerados lugares de liberdade, onde as forças de segurança só em última instância devem intervir", defende Joana Mortágua, afirmando a sua preocupação pelo facto de nos últimos anos, diretores de escolas e faculdades terem vindo a "quebrar este legado da luta estudantil pela democracia".

"A banalização da intervenção das forças policiais em recinto universitário ou politécnico é bastante preocupante. O lastro de “criminalização” dos protestos estudantis é um perigo para a democracia", afirmou a deputada do Bloco na pergunta entregue ao Ministério da Ciência e Ensino Superior.

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