Cerco ao Parlamento britânico exigiu liberdade para Assange

08 de outubro 2022 - 22:50

Milhares de pessoas participaram este sábado num cordão humano no centro de Londres em solidariedade com o fundador da Wikileaks, ameaçado de extradição para os Estados Unidos.

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Cordão humano no centro de Londres. Foto Wikileaks/Twitter

O cordão humano de protesto contra a extradição de Assange juntou milhares de pessoas em torno do Parlamento britânico este sábado. Stella Assange, esposa do jornalista detido, defendeu que o Governo devia interceder junto das autoridades do EUA para retirarem o pedido de extradição. "Isto já dura há três anos e meio. É uma mancha para o Reino Unido e para a administração Biden", lamentou. Nas redes sociais, agradeceu o apoio recebido e estimou o número de presenças acima das dez mil pessoas neste protesto.

Este vídeo percorre uma parte do cordão humano em torno do Parlamento:

Entre os participantes estiveram figuras conhecidas como o ator Russell Brand ou o ex-líder trabalhista Jeremy Corbyn, que apelou aos outros políticos para que tomem posição.

"Diria aos deputados - de qualquer partido - que estão ali para representar a democracia e os direitos", afirmou Corbyn, acrescentando que "se Julian Assange for extraditado, isso criará medo nos outros jornalistas de expor a verdade".

Também o antigo líder sindical do Unite, Len McCluskey, compareceu à chamada e acusou os EUA de quererem fazer de Assange um exemplo. "Isto é uma elite global que está a deixar claro que ninguém a pode colocar sob escrutínio. Querem mandar no mundo sem ninguém a desafiá-los, que foi o que Julian fez", afirmou McCluskey.

Detido desde 2019 numa prisão de Belmarsh, após vários anos confinado na embaixada do Equador, Julian Assange aguarda a decisão sobre o recurso que interpôs contra a decisão do Governo britânico de o extraditar para os Estados Unidos, onde o aguardam acusações de espionagem que o devem levar a passar o resto da vida na prisão.

Nos últimos meses, várias associações de jornalistas e organizações de defesa dos direitos humanos têm alertado para o risco para a liberdade de informação que representa a prisão e o julgamento que os EUA pretendem fazer a Assange por ter revelado crimes de guerra no Iraque e Afeganistão. A Amnistia Internacional anunciou que já recolheu mais de cem mil assinaturas na sua petição pela libertação de Assange.

Alem de Londres, este sábado houve outras cidades a servir de palco à mobilização pela libertação de Assange. Foi o caso de Washington, com um cordão humano em torno do Departamento de Justiça que o quer acusar em tribunal.

Também em Melbourne, na Austrália, país natal de Julian Assange, milhares de pessoas saíram à rua para exigir que o Governo interceda para o tirar da prisão. Entre elas estava o irmão de Assange, que lembrou as palavras do atual primeiro-ministro Anthony Albanese na campanha eleitoral, quando disse que não via nenhuma razão para manter Assange na prisão. "Já passaram tantos dias desde a posse deste Governo e Julian ainda está a apodrecer naquela prisão", lembrou Gabriel Shipton.

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