Ministra substitui presidente do INEM, provável sucessor já é criticado

24 de outubro 2025 - 13:38

Imprensa adianta que Sérgio Janeiro será substituído por Luís Cabral. Mas as auditorias ao sistema de emergência que este lidera nos Açores levam o sindicato a pedir a reavaliação da escolha. Catarina volta a criticar silêncio de Marcelo sobre estado da Saúde em Portugal.

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Ana Paula Martins e ambulâncias do INEM
Ana Paula Martins e ambulâncias do INEM

Sérgio Janeiro vai deixar de liderar o INEM. O jornal Público noticia que a decisão foi comunicada pela ministra da Saúde ao presidente do INEM na noite de quinta-feira e que o escolhido para o suceder é Luís Cabral, que teve a pasta da Saúde no Governo Regional dos Açores entre 2012 e 2016 e atualmente é o responsável clínico pelo serviço de Proteção Civil que coordena a emergência médica nos Açores.

Sérgio Janeiro sai do cargo um ano e três meses após tê-lo assumido em regime de substituição, quando entrou para o lugar de Luís Meira, que se demitiu ao fim de nove anos de mandato alegando quebra de confiança na tutela por a ministra ignorar os pedidos para abertura de novo concurso de contratação de helicópteros para o INEM. E voltam a ser os helicópteros a estarem na origem de mais uma saída, desta vez por causa do chumbo do Tribunal de Contas ao contrato com uma empresa sediada em Malta para garantir o funcionamento de três aparelhos durante 12 horas diárias.

O nome de Luís Cabral já está a ser contestado pelo Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), que pediu ao Governo uma reavaliação da escolha. O sindicato diz que a nomeação "pode representar um retrocesso no caminho de cooperação e modernização que vinha sendo trilhado”, colocando em causa o “espírito de confiança e estabilidade que tem sido cuidadosamente construído”. Além disso, as posições públicas e o trabalho realizado nos Açores “são contrárias à melhor evidência [informação] científica”, além de assentarem “num sistema seis vezes mais caro do que o utilizado no continente”, aponta o sindicato, invocando as conclusões de uma auditoria de 2024 do Tribunal de Contas ao sistema de emergência médica nos Açores, que revelou, segundo o STEPH, um “sistema frágil, demorado e pouco eficaz”.

Para a líder da Federação Nacional dos Médicos,  “infelizmente o que vemos da ministra da Saúde são demissões atrás de demissões. Isso não ajuda nada o INEM”, Joana Bordalo e Sá lembrou à CNN Portugal que o INEM “só tem 23 médicos no quadro” e que a ministra tinha prometido ia dedicar uma grande percentagem de tempo ao INEM, “mas não resolveu absolutamente nada”. A FNAM promete estar preparada para negociar a melhoria das condições dos médicos do INEM, para que este “não continue apenas a servir-se de prestações de serviço”. Sobre o eventual sucessor na presidência do instituto, Joana Bordalo e Sá diz que independentemente de quer que seja vai ser extremamente difícil pôr o INEM a funcionar sem recursos”.

Catarina volta a criticar silêncio de Marcelo sobre estado da Saúde em Portugal

Também a candidata presidencial Catarina Martins foi questionada pelos jornalistas à margem de uma visita ao piquete de greve da Função Pública em Lisboa. Catarina começou por estranhar que a ministra da Saúde “não assuma responsabilidades políticas e que o Presidente da República não tenha uma palavra sobre o que está a acontecer na Saúde”.

“É preciso mudar muita coisa para garantir que toda a gente tem acesso à saúde em Portugal e que toda a gente se sente segura e saiba que se tiver um problema de saúde o SNS está lá e o INEM está lá na urgência. E não é isso que tem existido”, prosseguiu a candidata.

Sobre a alteração do responsável máximo do INEM, Catarina entende que “não basta mudar a direção do INEM, é preciso garantir que tenha o número de trabalhadores necessário e faltam centenas. É preciso garantir formas de direção diferentes, mais transparentes e escrutinadas”. Mas sobretudo “é preciso uma ministra ou um ministro da Saúde que tenham um programa para o acesso à saúde, e infelizmente esta ministra da Saúde parece ter como único programa atacar os profissionais de saúde, deixando a população sem nenhuma resposta”, lamentou.

“Ver mulheres que não sabem onde podem ter o seu filho, a dar à luz nas auto-estradas e até à porta de um hospital no século XXI em Portugal? Nós podemos muito melhor do que isto”, concluiu.

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