Um grupo de advogados e jornalistas norte-americanos entregou uma queixa a um procurador nova-iorquino esta segunda-feira visando Mike Pompeo, o antigo diretor da CIA. A agência é acusada de os ter espiado quando se encontraram com Julian Assange na embaixada do Equador em Londres, com o auxílio da empresa de segurança privada da embaixada, a Undercover Global. Segundo as leis dos EUA, a CIA não pode recolher informações sobre cidadãos estadunidenses "mesmo quando as suas atividades tenham lugar numa embaixada estrangeira num país estrangeiro", afirmou Richard Roth, o líder da equipa de advogados que representa os queixosos, citado pela Reuters.
Já era conhecido que a empresa de segurança privada da embaixada colocou câmeras de vigilência e de captação de som no edifício e que entregava à CIA as imagens e sons que permitiram à espionagem dos EUA seguir todos os passos e conversas de Julian Assange nos anos que passou ali refugiado. Os advogados e jornalistas acusam a empresa de ter copiado a informação dos seus telemóveis, que eram entregues a um segurança à entrada da embaixada quando se iam encontrar com Assange. Assim, além das conversas com o fundador da Wikileaks, a CIA pôde ter acesso aos conteúdos das mensagens e comunicações destas pessoas através das perícias ao conteúdo dos aparelhos.
Para Robert Boyle, outro advogado novaiorquino que representa os queixosos, esta espionagem ilegal aos advogados de Assange significa que o seu direito a um julgamento justo nos EUA "ficou agora manchado, senão mesmo destruído", pelo que se impõem "sanções que podem levar à retirada das queixas ou à desistência do pedido de extradição", afirmou ao Guardian.
Julian Assange ainda guarda pelo recurso interposto na justiça britânica contra a ordem de extradição aprovada em junho pelo governo britânico. Caso o tribunal dê luz verde à extradição para os Estados Unidos, terá de enfrentar acusações que pedem até 175 anos de prisão por ter divulgado em 2010 documentos militares e diplomáticos dos EUA que ajudaram a expor crimes de guerra praticados pelas tropas estadunidenses no Iraque e no Afeganistão.