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Catalunha: sondagens indicam subida do PS e queda do Ciudadanos

A candidatura do ministro da Saúde espanhol deu aos socialistas um novo fôlego nas sondagens para as eleições de 14 de fevereiro. Indecisos somam um terço dos eleitores, baralhando as contas à provável manutenção da maioria parlamentar pró-independência.
Parlamento catalão
Parlamento catalão aguarda as eleições de 14 de fevereiro para ver quem conseguirá formar maioria. Foto Parlamento da Catalunha.

As eleições para escolher um novo parlamento catalão foram anunciadas ainda antes da primeira vaga da pandemia, mas o combate à crise pandémica veio adiar a data da ida às urnas para o próximo dia 14 de fevereiro. Segundo as sondagens já publicadas, quem beneficia com este adiamento é o PS catalão (PSC), que apresenta como candidato o ministro que foi a voz de comando político do combate à pandemia em todo o território espanhol. Os analistas falam no “efeito Salvador Illa” que pode ajudar os socialistas a saírem da posição periférica que ocupam no parlamento catalão. Por outro lado, o partido mais votado nas anteriores eleições, o Ciudadanos, confirma ter entrado em queda livre na Catalunha.

Mas o número de indecisos detetado pelas sondagens, cerca de um terço do eleitorado, impede que se possam tirar grandes conclusões sobre o veredito das urnas. O Centro de Investigações Sociológicas (CIS) apresentou esta quinta-feira uma “sondagem flash” que surpreendeu os partidos, por ser a primeira vez que acontece durante uma campanha. E provocou críticas a partir do campo independentista, que acusa o Centro de falhar redondamente todas as previsões desde 2017 e deste estudo servir para concentrar o voto "espanholista" no PSC. Na própria apresentação da sondagem, o CIS reconhece que os modelos usados anteriormente estavam adequados aos tempos do bipartidarismo e não refletiam a nova realidade multipartidária do país.

Neste estudo, o PSC surge à frente com 23.7%, seguido da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) com 19.9%, Juntos pela Catalunha (JxCat) com 14.6%, En Comú Podem (ECP) com 8.9%, Ciudadanos (C’s) com 7.9%, Vox com 6.9%, CUP com 6.8% e PP com 5.8%. Em relação à anterior sondagem do CIS, feita há duas semanas, o PSC mantém a intenção de voto, a ERC baixa sete décimas e o JxCat do antigo governante Puigdemont sobe dois pontos.

Este resultado do centro de sondagens do governo espanhol colocaria mais longe o objetivo dos partidos independentistas (ERC, JxCat e CUP) de alcançarem 50% dos votos. Mas uma outra sondagem publicada na semana passada pelo Centro de Estudos de Opinião do governo catalão dava-os mais próximos desse objetivo, somando quase 49% e obtendo uma clara maioria parlamentar. Aqui é a ERC que surge à frente (22%), seguindo-se o JxCat (20.7%), PSC (19.6%) C’s (9.6%), PP (7%), ECP (6.5%), CUP (6.2%) e Vox (4.8%).

Financiamento da Saúde em destque no debate a sete

Esta sexta-feira teve lugar um debate organizado pela rádio Cadena Ser com a presença de sete candidatos, onde Salvador Illa prometeu baixar 30% o salário do chefe de governo, equiparando-o ao do homólogo basco. O líder da Generalitat ganha atualmente o dobro do primeiro-ministro português e mais do que o chefe do governo espanhol. A promessa veio na sequência da discussão com a candidata do JxCat, Laura Borrás, sobre a falta de investimento por parte do governo central. Esta não o deixou sem resposta, afirmando que “se falamos em salários indignos, o mais indigno é o do chefe de Estado”. Também Pere Aragonés, da ERC, interveio para defender que “todos falam de mais recursos”, mas o problema dos catalães é o de terem recursos mas não os poderem gerir. “Precisamos de gerir todos os impostos e isso só é possível com a independência”, concluiu.

Como seria de esperar, o debate foi dominado pelo tema da Saúde e do seu financiamento, com a candidata do Podemos catalão (ECP), Jéssica Albiach, a defender a consignação de 7% do orçamento a esta área. Por seu lado, a Dolors Sabater, da CUP, defendeu a criação de uma farmacêutica pública.  

Debate en la SER: elecciones catalanas 14-F

A semana e meia das eleições, o governo catalão decidiu aliviar algumas medidas de confinamento a partir da próxima segunda-feira, após vinte dias de diminuição do número de contágios, com a ampliação do horário de funcionamento de bares e restaurantes (das 7h30 às 10h30 e das 13h às 16h30) ou a reabertura dos ginásios com lotação limitada a 30% da capacidade. O comércio não essencial mantém-se encerrado ao fim de semana e as lojas com mais de 400 metros quadrados estão fechadas todo os dias. A boa notícia veio para as livrarias, que passam a considerar-se estabelecimentos culturais e voltam a abrir esta segunda-feira. Outra mudança importante tem a ver com a mobilidade, com os catalães a deixarem de poder circular apenas no seu município, ficando agora confinados à sua comarca.

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