Camille Claudel, talvez numa próxima viagem

29 de novembro 2020 - 17:56

Camille Claudel morreu em 1943. O museu dedicado à sua obra abriu portas em 2017, a uma hora de Paris. Tinham passado 74 anos sobre a sua morte. Talvez seja um destino para uma futura visita, se a arte lhe interessa… Por Francisco Louçã

porFrancisco Louçã

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Museu Camille Claudel (Nogent-sur-Seine), 2018 – Foto de Jean-Pierre Dalbéra/Flickr
Museu Camille Claudel (Nogent-sur-Seine), 2018 – Foto de Jean-Pierre Dalbéra/Flickr

Camille Claudel (1864-1943) foi uma escultora francesa cujo génio criativo ultrapassou a sua época, quando a escultura era uma atividade masculina. A qualidade do seu trabalho despertou a atenção de Auguste Rodin (1840-1917) e fez com que este a convidasse para ser sua assistente, a única mulher no grupo. Ela tornou-se a musa de Rodin e depois manteve com ele uma relação amorosa tumultuosa e destrutiva. Entre ambos instalou-se mesmo uma disputa pela autoria das obras, até que Claudel decidiu afastar-se e desvincular-se dele. A partir desse momento, agigantou-se, calando as vozes que a acusavam de não ser a verdadeira autora dos seus trabalhos, que seriam de Rodin.

A escultura “A Idade Madura” marca a sua rutura definitiva com Rodin. Porém, apesar de esta obra lhe ter sido encomendada para a Exposição Universal de 1900, acabou por ser recusada. Em 1913 foi internada num hospital psiquiátrico e nunca mais de lá saiu, nem tão-pouco voltou a esculpir. Camille Claudel morreu 30 anos após ter sido institucionalizada, aos 78 anos, e foi enterrada anonimamente numa vala comum.

Ainda hoje é comum ver-se Camille Claudel designada como “a amante de Rodin”, ignorando-se o seu trabalho genial. Rodin morreu em 1917. Dois anos depois, em Paris, foi inaugurado o Museu Rodin. Camille Claudel morreu em 1943. O museu dedicado à sua obra abriu portas em 2017, a uma hora de Paris. Tinham passado 74 anos sobre a sua morte. Talvez seja um destino para uma futura visita, se a arte lhe interessa...

Artigo publicado no jornal “Expresso” a 20 de novembro de 2020

Francisco Louçã
Sobre o/a autor(a)

Francisco Louçã

Professor universitário. Ativista do Bloco de Esquerda.